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Os “tempos no Caminho”: o Calendário da Iniciação


por Luís A. W. Salvi (LAWS)
www.agartha.com.br

Quanto tempo um ser humano necessita para alcançar à sua iluminação? Esta é uma pergunta que alguns se fazem, mas raramente obtendo alguma resposta mais concisa. Até porque a idéia do “Calendário de Iniciação” representa um conhecimento remoto até nas próprias Escolas Iniciáticas, apesar das indicações se fazerem presentes em diversas Tradições de Sabedoria. É uma pergunta, todavia, muito pertinente em função dos “tempos chegados” em 2012, quando a iluminação passará a estar finalmente acessível também ao centro da Humanidade, e não apenas aos “candidatos” à Hierarquia de Luz. Assim, aquela que representa a grande meta evolutiva da humanidade finalmente começará a ser cumprida.
Acontece que os grandes saberes realmente se perdem com a involução do mundo, porque a realidade dos ciclos raciais denota que a cultura também envelhece e perde a memória com o tempo. Porém, ciclicamente o mundo também conhece uma restauração, graças à existência de forças providenciais no planeta Terra.

A revelação do Modelo

Ora, uma das grandes razões da Restauração dos Signos e dos Mistérios Sagrados, se deve à Encarnação divina no começo das raças, na figura do Manu, o protótipo humano, que representa o Modelo universal em muitas dimensões. O Manu não somente personifica um modelo de conduta e eventualmente um arquétipo físico, como também revela os códigos raciais de evolução e formula os cânones estéticos mais adequados, além de ensinar os ciclos do mundo inclusive acerca dos Calendários de Iniciação, experimentados de forma vívida e pessoal ao personificar a imagem de um Microcosmo perfeito “feito à imagem e semelhança de Deus”, quer dizer, por imprimir na sua vida um padrão-áureo de evolução, capaz de ser oportunamente empregado nas Escolas Iniciáticas e até nas sagradas instituições sociais das Idades de Ouro e de Prata.
Estes atributos são compartilhados, na verdade, em grande monta por todos os 22 avatares do ciclo cósmico (“Grande Ano de Platão” - GAP), e o mais impressionante em tudo isto, é que este percurso é realizado em boa parte de maneira altamente autodidata, na medida do possível e do necessário, pois se de início os avatares até procuram escolas espirituais e se dedicam ostensivamente ao estudo da filosofia e dos saberes espirituais a que tem acesso, realizando também “toda sorte” de práticas e experimentos –como foi o caso sabido de Gautama Buda, por exemplo-, alcançando nisto uns 100% de rendimento nas suas práticas, eles também empregam desde o início uma poderosa intuição, para cada vez mais encontrar os seus caminhos internamente, praticando novas iogas e se inclinando aos saberes mais avançados, por vezes oferecidos de forma recôndita, porque como campeões do Graal que são, os grandes Inquiridores não se furtam em realizar os esforços necessários para buscar a jóia da sabedoria onde quer que ela se encontre, ou de bater em qualquer porta em busca dos tesouros da iluminação.

Esta forte demanda interior serve de contrapeso à deficiência das escolas espirituais e até à ausência de um ensino mais verdadeiro, já que o avatar encontra um quadro misto de decadência e reconstrução ao qual ele vem dar uma contribuição definitiva. E assim é que as suas buscas o levam para cada vez mais longe, em todos os sentidos, até que alcançando a sua Meta interna, na conquista da iluminação, ele realiza um caminho de retorno para expor tudo aquilo que aprendeu.
Esta grande capacidade autodidata de buscar as coisas, está representada nas Tradições de forma diversa. No Egito se falava dos “deuses que se criam a si mesmos”, referindo-se ao demiurgo Min. Na escola hebraica se tinha a referência de Melquisedec “sacerdote eterno sem pai nem mãe”, isto é, um avatar formado sem maior influência de escola e de mestre encarnados, seja porque o saber se acha altamente perdido na transição de tempos em que tais seres encarnam, seja porque os graus que eles galgam são cada vez mais elevados e já ninguém pode informar muita coisa sobre isto.

Sucede também de haver eventualmente orientações externas mais ou menos avançadas, senão diretamente em escolas formadas, mais seguramente através de oráculos e de conhecimentos alcançados de maneira intuitiva por grandes pitonisas, como tivemos no século XX em Alice A. Bailey, que alcançou trazer informações consistentes até da nona iniciação (o que inclui ao menos quatro escalões de Budas, incluindo o Bodhisatwa), a partir dos contatos internos que mantinha com seu mentor tibetano, apesar dela mesmo se declarar possuir “apenas” a terceira iniciação e ele a quinta.
Ora, o “padrão-Microcosmo” vivido pelos avatares, é fixo e recorrente –na Índia, o principal título dos Budas é o de Tathagata, “aquele que é como o anterior”. E em tese, este padrão pode ser vivido por “todas as pessoas”, à condição de haver uma escola bem organizada e de se alcançar internamente um aproveitamento pleno, graças à vocação também demonstrada.

Assim, o Avatar não necessita de escola, porque ele o próprio Homem-Escola, o grande Paradigma que recolhe as melhores informações que o cerca, detém uma orientação interna intensa e realiza um esforço direcionado e contínuo, sendo dotado assim de uma objetividade imaculada.
Porque razão então -perguntarão alguns-, tal coisa não poderia seguir sucedendo como aconteceu com ele, “sem pai nem mãe”? Porque deveríamos ter mestres e escolas? Pelas seguintes sucintas razões:

1. Dá muito trabalho aos anjos ou às forças internas orientar as pessoas desta forma, uma a uma, e isto não supre a organização social: é necessário definir uma ordem social, uma hierarquia e promover a integração, organizar escolas e centros de treinamento, etc. A espiritualidade se destina a permitir organizar a sociedade em termos mais elevados e a integrar as pessoas, por isto deve haver uma troca rica de serviços.
2. O Messias recebe “estímulos” especiais e um treinamento todo específico, sendo um predestinado que foi especialmente treinado para suportar a cruz mundial, coisa que nenhum outro suportaria, chegando na verdade os seus sacrifícios a esferas totalmente sobre-humanas a fim de realizar a expiação dos pecados de muitos e depurar o planeta para um novo ciclo. Se as pessoas fossem perder todo o seu tempo em caminhos mais “suaves”, nunca iriam muito longe e não fariam nada mais do que procurar o conhecimento; quando aquilo que se pretende, é facilitar para que muita coisa possa ser feita por todos.
Isto deve bastar para se entender que as diferentes vias se organizam numa pirâmide, mas que na essência todas elas podem ser uma só.

Os prazos das Iniciações

A pergunta sobre os prazos de evolução espiritual de um indivíduo, também é de difícil resposta porque podem haver condicionantes e variáveis. Ilustremos com um exemplo. Se perguntarmos a um frentista de posto de gasolina quanto tempo leva para chegarmos a certa localidade, ele poderá responder: “Depende do trânsito, das condições da estrada e do tempo, do veículo empregado, da habilidade do motorista e, finamente, da sua pressa em chegar.”

Assim, na melhor das hipóteses, e obedecendo ao padrão avatárico do Microcosmo, o prazo mínimo seria de dez anos de esforços continuados e regulares, nos termos dados de ambientes ashrâmicos minimamente adequados -prazo este que também pode ser visto como de 12 anos considerando as preparações, e que corresponde ao ciclo do planeta Júpiter, a esfera clássica da espiritualidade (na Índia o seu nome é Guru, o “dissipador das trevas”). É por esta razão que o padrão avatárico de iluminação, facilmente observado em muitas biografias divinas, conclui aos 30 anos de idade (ou 29), incidindo no chamado “ciclo de Saturno”, e não casualmente, porque este planeta da cruz e do Elemento Terra também simboliza a quarta iniciação, que é a iluminação em si. Para chegar nisto, os avatares iniciam as suas buscas aos 19 anos de idade.

Esta é a “senda rápida”, o “Caminho do Raio” que envolve os dez sefirots na Cabala, o mesmo Vajrayana que é a via ocultista budista. Nos mistérios pitagóricos, este percurso estava representado pela sagrada Tetraktys ou a sequência 4-3-2-1, objeto máximo de devoção na Escola de Pitágoras, e na qual estavam delineados precisamente os ciclos das iniciações:

1º Grau = 4 anos
2º Grau = 3 anos
3º Grau = 2 anos
4º Grau = 1 ano

Isto significa, pois, que os “tempos” de cada iniciação são progressivamente menores (embora alguns autores esotéricos tenham afirmado equivocadamente que sucede o contrário), porque a energia também se concentra, atuando como um “funil”. Quando buscados dentro das idades e dos prazos dados, tais ciclos estão integrados dentro do relógio biológico dos indivíduos, permitindo o máximo de aproveitamento das energias. Depois disto também pode haver novas iniciações –isto é: iluminações-, caso a pessoa ingresse nas hostes da Hierarquia, porém já dentro de um não-tempo aparente, e numa outra escala cósmica de energias.
Na Índia sagrada, havia também um sistema social assentado pelas mesmas realidades, chamado varnashramadharma, a “lei das classes cíclicas”, que reunia as quatro iniciações humanas (dharma) aos quatro degraus sociais (varnas), dentro de ambientes especiais de treinamento chamados ashramas.

Vale conhecer então a natureza dos ashramas, porque é assim que o conhecimento deve ser cultivado numa Idade de Ouro, mesmo que até a chegada deste momento racial, o saber sagrado deva ficar entesourado numa Arca do Tempo, Arca do Eón ou Arca de Noé, pelo período máximo de 500 anos (ou o ciclo-Fênix).
As palavras-chave estão aqui anunciadas: templo, lar, escola e natureza. Porém, em cada um destes “ambientes”, se realiza um treinamento muito profundo, e sempre orientado por um guru. O aprendiz (Brahmacharya) é casto e devotado; o doméstico (Grihastha) realiza ritos e pratica o tantrismo, o instrutor (Vanaprastha) centraliza um ashram ou integra uma universidade, e o renunciante (Sannyasin) deixa tudo para se fundir com a Criação de Brahma. Diga-se então que esta última etapa em especial, reduzida por ora nas suas possibilidades, será revista doravante em função do novo momento racial, que permite o avanço das instituições do sacerdócio ou dos Brahmanes, incluindo pela primeira vez na esfera da humanidade a possibilidade da alma-gêmea e da iluminação.

Para regular tudo isto, também foi concedido no mesmo contexto espiritual chamado “Brahmanismo”, um Calendário Iniciático denominado Manvantara (significa “entre dois Manus”, ou o “Dia de Brahma”), mais conhecido atualmente como um ciclo mundial de evolução, em função da analogia entre Macrocosmo e Macrocosmo. Seguramente, a maior utilidade deste calendário se dá ao nível social ou individual.
Ocorre que este calendário espiritual, trabalha com dois padrões paralelos de tempo: o tempo humano e o tempo divino. E a chave de conexão entre ambos é o valor 360, símbolo da medição da circunferência. Assim, na aferição dos “anos humanos”, teremos um ciclo total de 4.320.000 anos, valor verdadeiramente astronômico que quase serve apenas para desestimular se pensar na possibilidade da evolução humana afastada de uma orientação superior.

Já transposto através da chave dada, o ciclo da criação se “reduz” a 12 mil anos, ou mesmo a somente 10 mil anos, porque se acrescenta a proporção de 20% para os sub-períodos da transição interna das Yugas, as quatro Idades do Mundo, que são também como as idades humanas de iniciação. A proporção destes Yugas segue igual à da Tetraktys: 4-3-2-1. O curioso aqui, é que a métrica das Yugas parece ser inversa a das iniciações. Exemplo: a “Idade de Ouro” corresponde à base “4” do primeiro grau, quando se poderia imaginar que a perfeição está ligada à consumação. Porém isto não é tão difícil de entender, mesmo psicologicamente afinal o noviciado é um tempo de descobertas e um verdadeiro romance de alguém enamorado pela luz. Mas, sobretudo, se tivermos em mente que também existe o Pralaya ou a Noite de Brahma, um ciclo complementar ao do Manvantara, mas sempre mantido como um grande mistério, representando todavia o verdadeiro ciclo espiritual das iniciações, a “absorção cósmica”, a desconstrução das formas, enfim, onde os padrões são também mais adequados à realidade da iniciação individual. Tanto é assim, que na simbologia astrológica o Manvantara inicia na “Porta dos Homens”, em Câncer, e o Pralaya começa na “Porta dos Deuses”, em Capricórnio, o Solstício de Inverno do Natal que simboliza o nascimento divinal na luz. E eis que já nos aproximamos deste grande momentum cósmico, na nossa evolução sideral, sendo a Nova Era a ante-sala do Natalício cósmico da Terra.
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Da obra “Pedagogia Áurea”, Luís A. W. Salvi

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