A educação racional iluminista foi a semente da moderna
educação industrial capitalista, cujo grande objetivo tem sido “preparar o ser
humano para se tornar uma pessoa socialmente produtiva”.
Na prática tudo isto implica em podar as raízes da infância introduzindo
massas de conteúdos e de ideologias para a pessoa poder ocupar um lugar “útil”
no sistema social vigente.
A ideologia científica e materialista em especial, busca encher a mente da criança com conceitos e anti-conteúdos para minar o
imaginário e a sensibilidade, numa franca substituição da qualidade pela
quantidade; como de resto é comum acontecer nas sociedades capitalistas e
materialistas.
Nas sociedades marxistas os rumos não têm sido muito
diferentes, uma vez que o socialismo mal passa de uma “reforma” econômica do
capitalismo, sem maiores críticas de valores, pertencendo antes à mesma base
cultural modernista -cujo materialismo positivista dos séculos passados
(quando estas visões-de-mundo foram forjadas) representa, aliás, algo que já
tem mudado bastante, em termos teóricos sobretudo...
A revalorização
do abstrato
A experiência do imponderável era visto nas sociedades
antigas como fator de amadurecimento humano. O ser humano capaz de apreender
apenas o óbvio, costumava ser chamado de “criança” pelos hindus.
O foco no óbvio e no imediato representa um reforço direto no
instinto e no “ego”, mantendo o ser humano naquela etapa infantil egolátrica de
auto-afirmação, entre outros instintos próximos. A competição capitalista
apenas institui esta situação pelo darwinismo social pseudo-científico, coisa
que o marxismo ainda “ideologiza” através da luta-de-classes.
Os egos inflados dos cientistas é coisa conhecida, semeados
pela cultura acadêmica onde o espiritual e o transcendente são sistematicamente
colocados de lado, resultando na famosa e perigosíssima
“Ciência-sem-consciência”. A
ingenuidade e a ignorância ante as dinâmicas espirituais, ainda coloca os materialistas
diretamente na mão das forças obsessivas que eles negam existir, depois que caíram
nas armadilhas do próprio ego e da ideologia reinante.
Estes seres estão desgraçadamente mortos para a experiência do sensível e do imaginário, onde se abrem as perspectivas de exploração das energias sutis, e talvez de muita coisa incluída nos cálculos abstratos da Ciência Moderna...
Estes seres estão desgraçadamente mortos para a experiência do sensível e do imaginário, onde se abrem as perspectivas de exploração das energias sutis, e talvez de muita coisa incluída nos cálculos abstratos da Ciência Moderna...
Ora, o conteúdo lúdico que impera na infância -até há pouco
amplamente desprezado pelos sistemas educacionais-, representa sabidamente um
dos fundamentos da consciência, que Claude Levi Strauss vinculou à cultura
vigente nas sociedades primitivas ou originárias.
Neste sentido, podemos fazer uma associação direta do lúdico
ao mítico, onde se abrem as possibilidades humanas para o raro e o maravilhoso. O mito faz parte da ciência espiritual. Tal como a criança aprende
brincando, o adulto que busca a espiritualidade tem no mito aquela ponte necessária
entre o automatismo antigo e a experiência espiritual própria. Aqui entra também o plano religioso em geral, assim como o próprio imaginário
épico, onde se exploram novas possibilidades para o ser humano, especialmente
no campo social.
Numa linguagem moderna, podemos associar este
foro-de-consciência às várias possibilidades que a Física Quântica expõe
através do exercício do livre-arbítrio e da qualidade-da-consciência. A
epistemologia demonstra também que a consciência infantil percebe o mundo nos
termos da relatividade einsteniana, ao passo que o adulto o faz em termos de
física cartesiana.
As metas ideológicas desta educação racionalista são
evidentes, pois almeja atar e reduzir o ser humano ao racional e ao
materialismo, impedindo outras visões-de-mundo como aquelas das sociedades
antigas e tradicionais, com suas decorrentes divergências sociais e culturais,
mas também não raro com amplo poder holístico ou universal, coisa que as
sociedades racionais/materialistas sustentam apenas sofrivelmente ou sob um
amplo reducionismo.
O aprendizado do uso da imaginação –tão natural na infância-
representa um fator de experiência integral em todas as etapas da vida. Sobre
ela se esteia a esperança e a busca do ideal,
seja no trabalho, no matrimônio, na sociedade e na própria realização
espiritual. O imaginário é aquilo que permite escapar ao imediatismo e colocar
bases para experiência mais plenas, íntegras e completas. Afinal, neste imaginário resta espaço para buscar o equilíbrio
nas coisas, tal como harmonizar céu e terra e também o eu e o outro.
Muitas filosofias se estruturaram sobre o pensamento abstrato
criativo. A força criativa direcionada para o sutil, confere valor moral,
idealismo social e integridade humana, podendo resultar ainda no despertar de
vários dons e poderes espirituais. A própria iluminação, comumente associada à
imortalidade espiritual, deriva deste conjunto de esforços concentrados,
devidamente coroados pelos esforços no plano da meditação.
Obviamente, a sociedade-de-consumo perverte todo tempo este
quadro, substituindo o idealismo pela compulsão e impondo o instinto acima da
aspiração. Os valores verdadeiros –aqueles que tangem à alma e ao espírito- demandam
o uso do tempo. O crescimento de uma árvore saudável pode tardar décadas. E existem
semeaduras espirituais que podem levar tanto ou mais tempo que isto.
Daí a necessidade de haver modelos sociais inteiramente novos, onde as sementinhas dos grandes ideais possam ser regadas no dia-a-dia até serem colhidas como frutos de luz capazes de nutrir uma nova sociedade no futuro e assim renovar as esperanças do mundo.
Afinal, a diversidade da experiência se reflete na pluralidade social, e isto enriquece a cultura e desonera a pegada humana sobre a terra.
Daí a necessidade de haver modelos sociais inteiramente novos, onde as sementinhas dos grandes ideais possam ser regadas no dia-a-dia até serem colhidas como frutos de luz capazes de nutrir uma nova sociedade no futuro e assim renovar as esperanças do mundo.
Afinal, a diversidade da experiência se reflete na pluralidade social, e isto enriquece a cultura e desonera a pegada humana sobre a terra.
A
educação verdadeira é permanente
A educação representa provavelmente a coisa mais importante
das nossas vidas. Porém, para chegar a ser eficaz ela deve ser integral e
permanente, assim como, é claro, precoce.
Podemos pensar que a educação modernista não seja permanente
ou vitalícia, mas isto pode ser uma grande ilusão. A educação racionalista
alcança os seus efeitos porque, além de precoce, oferece coerência e
continuidade através do cotidiano das pessoas. Além das sucessivas fases da
instrução formal, existe no dia-dia um quadro de informações coerente com ela
através da mídia direcionada e da própria família.
Nos lares burgueses, a religião, quando existe, é tratada
como uma mera formalidade, e não raro vista por alguns com desdém. Nas
sociedades marxistas ela tende a ser mostrada diretamente como superstição e
alienação. Estas optam antes pela ênfase social, que no capitalismo se reduz
quase ao assistencialismo, tendo a religião como um dos instrumentos para isto,
às vezes quase como simples válvula-de-escape ou mesmo elemento de demagogia
moral.
Então estas sociedades burguesas e materialistas oferecem, na
prática, um contexto bastante completo e vitalício de educação permanente, onde
a educação nasce e se completa com a ideologia cotidiana.
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O resultado disto é certo modelo-de-humanidade que se limita
praticamente à produção e ao consumo materialista, gerando um desequilíbrio
inédito e insustentável de valores que vem pesando gravemente sobre o planeta.
Existe daí um esforço para incutir a noção da
sustentabilidade nas crianças, coisa todavia pouco produtiva quando o sistema
em geral não caminha na mesma direção. Esta ideologização verde não tem como surtir
maiores efeitos enquanto o mundo carregue na devastação e na poluição. O
contraste ideológico é apenas frustrante (podendo levar às drogas e à
depressão), e podendo ser resolvido somente pelo esforço de criação de novos
ambientes, como meta também da efetivação de um novo modelo de ser humano. A
criança humana não traz maiormente tendências, apenas grandes potenciais, daí a
importância do ambiente em geral.
Do contrário permaneceremos atados ao discurso, sendo
merecedores do desdém de nossos filhos por dizermos uma coisa e mostrar outra
totalmente diferente, e nem ao menos apontar caminhos realmente viáveis de
mudança cultural. Tal coisa vale para todos os valores que se queira ensinar,
inclusive espirituais, heroicos e sociais.
Basicamente, temos a impostergável tarefa de criar novos sistemas sociais onde a experiência quântica do verdadeiro livre-arbítrio possa ser efetivada, fazendo avançar a marcha da Boa Ciência e da verdadeira ilustração, sem as velhas amarras que o obscurantismo positivista tem imposto ao mundo a um preço tão cruel, desumano e injusto com a globalidade e a riqueza da cultura universal.
Basicamente, temos a impostergável tarefa de criar novos sistemas sociais onde a experiência quântica do verdadeiro livre-arbítrio possa ser efetivada, fazendo avançar a marcha da Boa Ciência e da verdadeira ilustração, sem as velhas amarras que o obscurantismo positivista tem imposto ao mundo a um preço tão cruel, desumano e injusto com a globalidade e a riqueza da cultura universal.
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(51) 9861-5178 e (62) 9667-9857
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