Neste Ano da Serpente de 2025 -e que é também um Ano profético segundo diferentes mensageiros e tradições-, trazemos um apanhado das experiências mais importantes do Buda Maitreya com as serpentes, especialmente durante os seus anos de aprendizado, sem limitar-nos porém ao plano físico. A sequência de sua evolução espiritual será orientada sobretudo pelos elevados ensinamentos emanados por Altas Videntes ou Dakinis -também chamadas Sibilas ou Pitonisas na Cultura Clássica-, que oferecem assistência consistente aos esforços espirituais dos Grandes Iniciados, e que serão mencionadas aqui apenas por seus nomes iniciáticos. No Oriente tais Devas são conhecidas como Dakinis que significa “Dançarinas do Céu”, Taras que significa “Estrelas” ou Dolmas que significa “Mães da Libertação”.
O presente relato resume portanto uma parte importante da trajetória espiritual de Maitreya, trazendo os movimentos espirituais de um Grande Iniciado em suas buscas pela Iniciação e depois da Iluminação, galgando para isto decididamente as “espirais da serpente”, sem poupar esforços e colhendo aquelas informações mais avançadas que a Espiritualidade tem oferecido para desencadear assim a transição planetária com sucesso.
Os relatos seguem uma ordem cronológica, e envolvendo naturalmente xamanismo, misticismo e ocultismo, tão próprio do simbolismo integrador da serpente. Apesar de ser ágil também em outros elementos como veremos, existe um vínculo profundo entre a serpente e o Elemento Terra, daí a importância que os presentes relatos terão em questões de Natureza, especialmente através dos locais especiais onde Maitreya viveu.
O leitor atento não terá dificuldades de identificar nestas narrativas um padrão “oriental” tradicional de buscas espirituais, como nas transformações de fases de vida e seus vínculos com novos ambientes. Neste sentido, a trajetória de Maitreya segue o padrão dos ashramas védicos das etapas-de-vida de educação permanente, não obstante com seus preceitos originais devidamente restaurados. As buscas espirituais de Maitreya retratam e restauram assim um paradigma espiritual de perfeição em termos de espaço-tempo e condutas espirituais de resultados.
Que estes breves fragmentos biográficos possam servir pois de roteiro simbólico e de inspiração aos aspirantes da evolução interior. "Apenas para Iniciados".
I. A HIPNÓTICA
Ainda quando era uma criança, Maitreya teve a oportunidade de presenciar uma cena insólita. Encontrar cobras e serpentes não era nenhuma raridade no sítio que a família de Maitreya possuía na Zona Rural de sua cidade. Para o pequeno este local era sagrado, pois ali ele podia esquecer as suas tribulações e se refugiar na Natureza, para obter as experiências que o seu corpo e alma em formação demandavam então. Mais tarde também terá a sua importância nas etapas maduras da espiritualidade de Maitreya.
Naquela ocasião porém tudo seria diferente. Eis que ao deitar o seu olhar para a margem de uma estrada que percorria, o pequeno Maitreya viu um passarinho caminhando diretamente com e suas próprias pernas para dentro da boca de uma serpente! Ele ficou muito espantado com aquela cena, e passou a imaginar aquilo como sendo um autêntico poder hipnótico da cobra, que eventualmente até poderia ter alguma outra explicação.
O fato porém era conhecido e fazia parte do rico “folclore” ofita, como se vê nos famosos contos de “Mogli, o Menino-Lobo”, do escritor Rudyard Kipling, ambientado na Índia, e que Maitreya também já conhecia muito bem pois era simplesmente aficcionado pelas histórias de selvas. Maitreya compreendeu assim que aquele universo de magia e encantamento que ele estava habituado a conviver nas histórias pelas quais era apaixonado podia fazer parte da realidade e vice-versa, e todo um novo horizonte de possibilidades começou a abrir-se para ele.
Dizem alguns que a serpente produz um fascínio e que certas presas ficam imóveis diante da cobra para tentar se camuflar. Os profissionais costumam afirmar que animais não podem ser hipnotizados ou receber sugestões. Porém, aquilo que Maitreya viu com seus próprios olhos ia além de tudo isto.
A ideia da hipnose naturalmente leva a pensar em coisas como magnetismo e fascinação, o que conduz ao próprio coração dos mistérios do Ocultismo. O primeiro contato do aspirante com as energias ocultas é através da força da serpente interior, seja explorando ou sublimando estas energias. Polêmicas à parte, o assunto remete à questão central das Polaridades. O equilíbrio dos contrários é o segredo da energia, como demonstram os princípios da eletricidade. Nisto está pois o mistério da criação.
Com efeito, a morfologia versátil da serpente presta-se a representar as transformações e a dialética das energias: a serpente evoca o feminino quando está enrolada, e evoca o masculino quando está estendida. No entanto, ela também se mostra comumente nas duas formas em sua posição de bote, em alusão à síntese almejada das energias.
E de repente olhando a imagem da serpente e do pássaro, lembramos até da serpente emplumada, Quetzalcoatl, que é um mito popular extraído da imagem do belo pássaro Quetzal de longa cauda de Meso-América. A Naja com se capelo inclusive corresponde simbolicamente a uma “serpente alada”, como no caduceu ou em kundalini, daí o seu culto especial.
Enfim, a partir dali o jovem Maitreya passou a enxergar as serpentes com outros olhos. Algo de misterioso haveria naquele bicho. Nestes tempos ele já era um jovem apaixonado pela Natureza, e sua primeira percepção daquele “poder serpentino” naturalmente abriu para ele um canal direto e precoce para a reflexão mística...
II. A ADVERTÊNCIA
A partir do despontar da sua idade adulta, Maitreya passou a viver em Ashrams, que são colônias espirituais onde se praticam os diferentes iogas. Após realizar um treinamento básico e preparar o seu corpo para a disciplinas, dirigiu-se inicialmente para um Ashram existente nos arredores de sua cidade, onde chegou também sob as condições ideais de renunciante e de Brahmacharya, o estudante-casto que representa o primeiro ashrama ou etapa-de-vida dos dwijas ou “duas vezes nascidos” que caracteriza as castas superiores do sistema social tradicional da Índia.
Neste local Maitreya sujeitou-se a fortes disciplinas e realizou grandes austeridades, além de praticar ritos e tarefas variadas, assimilando rapidamente as instruções recebidas e sempre desejando mais...
Insatisfeito com o ritmo dos ensinamentos, e como um verdadeiro aprendiz de feiticeiro, a certa altura começa a fazer por conta e risco próprios certos experimentos antigos de alquimia interior a que teve acesso em antigos alfarrábios. Ora, isto já era o mais puro Ocultismo, isto é: o manejo direto das energias, no esforço de fazê-las fluir e se movimentarem pelos canais sutis. Aparentemente as suas energias realmente estavam sendo movimentadas através disto. Seja por temperamento ou aspiração, o jovem aspirante sentia necessidade de práticas dinâmicas de meditação.
Porém, certa noite teve um sonho de advertência que o faria mudar de opinião. Não é novidade para ninguém que o tema de Kundalini costume ser acompanhado de graves admoestações. A serpente está associada afinal à morte em função do seu veneno fatal.
Eis portanto o sonho que recebeu. Na primeira cena havia uma robusta casa branca sobre uma serpente estendida e tranquilamente adormecida; mas já na segunda cena a serpente desperta e sentindo-se incomoda com o peso da casa, trata de desvencilhar-se dela transformando-a numa pobre palafita que tomba ao chão...
Entendendo logo o recado do sonho, Maitreya trata assim de abandonar a técnica. A razão exata do sonho não sabia, mas logo imaginou que ele ainda não estava preparado para fazer despertar tamanha energia. Não imaginava na época que tampouco convém mexer com certas energias que a humanidade já desenvolveu em outras raças. Deveria assim ser mais paciente e aguardar chegarem as informações corretas. Aquele não seria ainda o momento para maiores voos, mas sim para desenvolver a prudência e a saúde integral: bases importantes também estavam sendo assim colocadas para futuros desdobramentos espirituais.
A partir dali fixou-se mais à meditações de “Presença” que o Vedanta ensinava, buscando usufruir da paz do silêncio e da atemporalidade reinante naquele sagrado ambiente. Certamente já tem-se nisto uma forma de refinamento das energias. E mais tarde descobriria que ele até já estava começando a usar espontaneamente boas técnicas mentais criativas de meditação durante o Hatha Yoga sem saber.
Neste ambiente de poderosa egrégora, aproveitou também para investigar ostensivamente os grandes Ensinamentos legados através de uma afamada vidente conhecida pelos Iniciados como Upasika ou “Discípula”, considerada como uma das grandes sibilas destes tempos, trazendo importantes mensagens diretamente das Altas Hierarquias espirituais.
III. A GUARDIÃ
Após um par de anos passados neste treinamento, Maitreya decide que este Ashram já havia lhe proporcionado aquilo que tinha para aprender ali. Abandonou assim o local para tornar-se um peregrino pelas longas estradas da Índia. Durante as suas andanças ouve falar de um famoso Ashram localizado em região remota do país, e bastante frequentado por viajantes e peregrinos. Logo sentiu que aquilo era mesmo tudo o que ele precisava naquele momento -aventura e Natureza.
Tratou assim de dirigir-se ao local, e ao aproximar-se da região começou a “explorar” as cavernas locais em busca de moradias temporárias. Até que descobriu uma pequena gruta de onde saia um córrego. Resolveu entrar ali para conhecer as possibilidades que oferecia. Assentou-se então numa pedra e começou a meditar. Após certo tempo, quando abre novamente os olhos para fitar a vertente das águas que produzia burburinhos, percebe que havia ali uma grande serpente enrolada ao lado do olho d’água. Achou tudo aquilo lindo e simbólico demais.
Na mitologia hindu as serpentes estão com efeito relacionadas com as águas -e em breve Maitreya também descobriria uma das suas razões. Contudo decidiu não violar mais aquele espaço sagrado da Natureza -uma verdadeira “Gruta de Shiva”-, limitando-se a fazer visitas ocasionais ao local.
Refletindo depois sobre o simbolismo, compreendeu que a caverna tem relação com o coração, mas também com o chakra básico onde reside kundalini enrolada. Com efeito Maitreya estaria concluindo no período o seu noviciado espiritual, após anos de intensa disciplina e dedicação. Simbolicamente -refletiu ele-, a serpente estava ali para lhe informar que as coisas estavam maduras para a sua iniciação. Ademais tudo aquilo era um importante símbolo do feminino, da Shakty, pois embora ainda não tivesse muita consciência disto, naqueles anos de auto-cultivo Maitreya havia se tornado um homem bem melhor.
A serpente da gruta era uma guardiã da nascente, alguém que zelava pela pureza das fontes. Maitreya também era alguém que aprendera a se observar, controlando tudo o que emanava de sua mente e do seu coração. Para o místico tudo tem uma mensagem, nada é casual e o Universo dialoga com ele continuamente. Por isto não surpreende que a Astrologia “funcione”, tal como pode funcionar qualquer outra das chamadas “Artes Divinatórias”.
Enfim, aquela cena era para Maitreya como uma recepção simbólica à região e tudo o mais que viria a significar para ele no decurso da sua existência, em termos de descoberta espirituais e de comunhão profunda com a Natureza, tal como mais tarde de trabalhos e missões espirituais.
IV. A COMPANHEIRA
Após um breve período neste local, Maitreya segue a sua viagem adentrando em regiões cada vez mais selvagens, infestadas por feras e nativos inóspitos. Porém Maitreya não os temia por ter um bom coração e sentia-se protegido, e nada tampouco o atacava. Esta era uma das provas que selecionava muitos que buscavam o Santuário secreto da região
Ao chegar finalmente ao Ashram procurado, Maitreya é então bem recebido por haver superado os desafios do caminho, sendo alojado numa das pequenas casinhas de palhas que os residentes locais empregavam, cercada por muitas palmeiras e Natureza exuberante.
Neste local Maitreya pode desenvolver as suas aptidões artísticas e empregar as suas experiências iogues em benefício do grupo, além de comungar profundamente com a Natureza da região e seus habitantes.
Por alguma razão desconhecida, uma grande jiboia vivia exatamente defronte à cabana de Maitreya. Frequentemente ele a encontrava por ali, com seus lentos movimentos e sua bela e estonteante aparência. A jiboia é considerada a única serpente com aparência de cobra venenosa, sem todavia ser; seu nome científico boa constrictor sugere a sua forma específica de caçar a suas presas através de contrição, embora não seja a única.
Naturalmente havia muitos outros animais selvagens na região. Porém aquela jiboia era para Maitreya o símbolo máximo de um lugar a um só tempo selvático e hospitaleiro. Tudo o que a poderosa serpente lhe exigia era um pouco de atenção.
Neste local encontrou ademais o conhecimento que permitiria sedimentar o seu discipulado, na forma de um Novo Evangelho de Luz trazido por outra importante Vidente e Instrutora, a sábia Uruswati cujo nome significa “Estrela do Amanhecer”, e que era também uma outra exaltada Dakini das Hierarquias. Eis que o seu Ensinamento da Agni Yoga, também conhecido como Surya Vidya ou “Ciência Solar”, incluía as indicações básicas de como desenvolver Kundalini com segurança. Outros Ensinamentos completariam as informações. E como sugerimos em item anterior, Maitreya já começara intuitivamente as suas práticas do Yoga Supremo anos antes em seu primeiro Ashram, embora sem ser o foco central que agora se tornaria.
Na Maçonaria, o segundo grau é chamado de “Companheiro”. De todo modo, naquela jiboia também estava um símbolo precioso da shakty esperada, rondando e protegendo o seu humilde lar silvestre...
V. A MERGULHADORA
Após certo tempo Maitreya deixou também este local para voltar a peregrinar a esmo e conhecer novos locais, quiçá em busca de outros treinamentos. Visitou assim vários templos famosos dispersos pelo país, e finalmente voltou a reunir-se ao mesmo grupo num novo local, em regiões diferentes mas também remotas ainda, onde terá então a sua “experiência interessante” seguinte com serpentes.
O caso foi simples mas ainda assim o surpreendeu, demonstrando toda a versatilidade deste animal. Não era raro ver-se cobras aqui e ali naqueles grandes ermos, de todas as cores e tamanhos possíveis. Por precaução costumava-se espantá-las quando eram inofensivas, já que as venenosas simplesmente não se assustam, e então tinha-se que ter maior cuidado. Numa ocasião em que Maitreya foi tomar um banho no rio do Ashram, parece haver espantado acidentalmente uma cobra que logo se jogou nas águas, começando a nadar numa velocidade vertiginosa.
Maitreya não sabia então que as serpentes possuíam tal intimidade com as águas e tamanhas habilidades de nado. Na terra elas já costumam ser ágeis e rápidas quando precisam, porém é nas águas que elas realmente mostram o seu poder, sendo este portanto o seu verdadeiro elemento. Por regra, as cobras são consideradas répteis. Ainda assim existem espécies anfíbias como a cobra cega, e também semi-aquáticas como a grande sucuri que passa a maior parte do tempo dentro da água. As cobras se destacam assim juntamente com os felinos por sua forte desenvoltura em todos os elementos, o que explica muito o seu simbolismo de poder e de abrangência de energias.
Que lição Maitreya pode tirar desta “experiência”?! A destreza das cobras na água simboliza liberdade, segurança e poder. Pode considerar assim como uma maestria na esfera psíquica, ou uma liberação dos seus miasmas.
Nesta altura o yoga solar de Maitreya já andava bastante avançado. Trabalhando com perseverança e criatividade, certos efeitos começavam a surgir, em termos de elevação de sua frequência vibratória. Sentia-se leve e altamente energizado. Um som semelhante ao sibilo da serpente -e que também definiu como “o Som da luz”- passou a lhe acompanhar desde então. Certamente havia “mergulhado” em um novo oceano de energias, a partir do qual gozava de grande poder e liberdade diante do mundo.
Esta seria pois uma das razões pelas quais se denomina muitas vezes aos verdadeiros Iniciados como “serpentes”, como os Nagas da Índia, e quem sabe as Sibilas e Pitonisas da Grécia. Termos como Naga, Jnana e Ajna são anagramas místicos, relacionados ao universo da iniciação solar terciária, envolvendo o conhecimento e o despertar da clarividência -o símbolo egípcio do Uraeus parece que sintetiza todas estas questões. Nada casualmente, foi neste mesmo contexto que Maitreya começou a ter acesso direto às energias dos Elementais e -o que é fundamental no trabalho de magia- a conhecer os seus sons ou vibrações, diretamente dentro da própria Natureza.
Até este momento, nunca imaginou que estava com isto preparando os caminhos para a verdadeira iluminação. Seus objetivos eram meramente praticar meditações que o libertassem da angústia e eventualmente do desejo, através da elevação e do refinamento das suas energias -como de fato é o propósito da meditação. A única diferença da técnica solar que praticava em relação a outras era a eficácia, capaz de conduzir até uma liberação definitiva, por assim dizer, com recursos capazes de entregar resultados com maior rapidez e eficiência. Mais tarde Maitreya descobriria o clássico nome oriental da iniciação a que tivera desta forma acesso: Hamsa, o Cisne, como aquele que flutua sobre as águas das ilusões. O símbolo tem grande importância na mitologia hindu, como veículo de Brahma, o Criador, sinalizando o poder que tal iniciação confere sobre o mundo material.
E este seria então a último Ashram em que Maitreya viveria como aprendiz e Brahmacharya. Era na verdade uma fase em que já começava a se afastar das pequenas comunidades espirituais, ao menos para fins de busca de experiência pessoal, pois sua alma amadurecera e aspirava por horizontes mais amplos. Sua taça estava repleta e agora aspirava por transbordar para o mundo...
VI. A INCANDESCENTE
A convite da família, Maitreya regressa então à sua região de origem, afinal ainda podia contar com o refúgio do sítio doméstico, e que seria importante para os acontecimentos que se seguiriam. Importantes experiências ainda o aguardavam, afinal havia colocado sólidas bases espirituais ao longo destes anos todos em que estivera afastado.
Uma vez amadurecidas as suas energias, Maitreya pode finalmente exercitá-las livremente também no matrimônio. No Hinduísmo o segundo ashrama ou etapa-de-vida é a do Grihastha, quando os “duas vezes nascidos” tratam de combinar a sua espiritualidade adquirida com o matrimônio, sob os auspícios de um Mestre. O sagrado matrimônio coroava na verdade as conquistas do seu discipulado e o amadurecimento de sua alma.
E assim Maitreya pode exercer o sacerdócio doméstico e exercitar a magia do amor. E com isto não tardou a conhecer as dimensões mais elevadas do Paraíso, compreendendo os mais altos potenciais do amor e o significado oculto do matrimônio.
A partir dali Maitreya começa a desenvolver os seus estudos em torno de um terceiro grande ensinamento revelado que conhecera no último Ashram em que estivera, dado através da grande Sibila chamada Hamsini, nome que significa “Aquela que monta o Cisne”, que é um dos nomes de Saraswati (a Tara Branca do Budismo Tibetano) a esposa de Brahma, e que tanta importância teria doravante na vida oculta de Maitreya, permitindo consolidar os conhecimentos sobre a Iniciação Solar graças à abundância dos recursos técnicos assim oferecidos.
Com tudo isto a sua espiritualidade também pode avançar ainda mais, alcançando moksha ou a libertação dos miasmas astrais. Ele agora era um iniciado consumado, um instrutor diante do mundo, alcançando assim o terceiro ashrama ou etapa de existência védica de Vanaprastha, o instrutor espiritual.
Grandes eram agora os potenciais de ação de Maitreya, pois experiência, liberdade e autoridade emanavam do seu ser. Com isto uma importante opção apresentou-se diante dele, semelhante a quando o Diabo apareceu para Jesus oferecendo-lhe dispor todo o mundo a seus pés, ao que o Cristo todavia recusou. Maitreya também sabia dos imensos potenciais humanos e místicos que havia então acumulado, porém a sua vocação era sólida e sua aspiração por avançar inabalável, de modo que decidiu seguir a sua escarpada senda espiritual, retificando assim solenemente os seus Votos sagrados. E com isto Maitreya também abre o caminho para realizar o seu quarto e último ashrama ou etapa-de-vida na forma de Sannyasin ou renunciante perfeito.
Com isto ele também demonstrava estar preparado para dar o grave passo seguinte em sua Senda, que seria conhecer os mais profundos escalões dos infernos, a fim de colocar à prova em definitivo a sua humanidade e despertar assim a sua divindade latente. E aqui temos pois a imagem da Serpente oculta do próprio Diabo, estrategicamente oculto no Paraíso.
Nesta que seria a sua grande crise de iniciação, necessitou buscar então novas energias para conseguir sobreviver, tão graves foram as suas provações. De modo que, após intensa investigação e experimentação, Maitreya finalmente consegue acionar as Chaves espirituais corretas, com uma clara ajuda dos Mentores que estavam a lhe auxiliar nos seus esforços espirituais e no entendimento das abstrusas informações herméticas que deveria tratar de decodificar a fim de alcançar todos os seus propósitos.
A ascensão de Kundalini -também chamada de quarta iniciação- ocorreu então exatamente como nos relatos: duas serpentes de fogo subindo pela coluna, entrecruzando-se duas vezes e na terceira encontrando-se no coração para gerar um grande esplendor extático de iluminação interior... A sua energia mudou com isto para sempre; na prática era a colheita de quase dez anos de esforços intensos pelos caminhos da espiritualidade desde o seu grande Despertar, configurando o padrão mínimo de evolução espiritual, característico dos Avatares. Maitreya tinha 29 anos de idade nesta altura, aquele na revolução de Shani, Saturno, quando vivia sob o símbolo da cruz espiritual.
Esta poderosa energia trouxe então todas as respostas que necessitava para o momento, em termos de cura, paz, amor e esperança. Com isto incorporava totalmente a energia serpentina e seu simbolismo. E ao conseguir sobreviver às elevadas provações deste grau, Maitreya também alcançaria despertar novos centros de percepção, relacionados ao acesso direto às energias do Akasha que proporciona uma clarividência superior. Os caminhos para a sua Maestria estavam assim definitivamente abertos.
VII. Conclusões
As seis serpentes com que Maitreya se deparou de forma mais impactante, seja em sonhos, na iniciação ou na “vida real”, são como os chakras que percorre a serpente kundalini na sua ascensão. Os três Ashrams principais em que Maitreya viveu, estão associados ao trino alinhamento de Corpo-Alma-Espírito, que é o Trikaya ou os “Três Veículos” dos Budas, onde cultivaria pois em cada etapa: a. saúde inabalável, b. sabedoria perfeita e c. conhecimento impecável. E relacionam-se às três Dakinis que O instruiu na sua senda, às três voltas que realiza Kundalini durante a sua ascensão, aos três ashramas ou etapas-de-vida e às três primeiras iniciações.
Com sua versatilidade morfológica, a serpente representa um grande símbolo de transformação, e ao trocar a casca periodicamente também possibilita o seu crescimento. Nisto está o espírito do viajante intrépido e do renunciante audaz, que não se apega ao já conquistado mas investe os seus ganhos em novos empreendimentos.
A serpente sempre foi um símbolo do Iniciado, ou mesmo do iluminado, daquele que encarna em si a força ativa ou consumada da energia serpentina.
A serpente é um animal que fascina e inspira temor. Surpreende quando um mesmo símbolo é capaz de representar tanto o bem como o mal, a luz e as trevas, mesmo dentro de uma só cultura como foi a egípcia antiga. Por esta razão Maitreya traz uma palavra para cada tipo de buscador:
Àqueles que amam a serpente diz: vá com calma.
Àqueles que temem a serpente diz: encoraje-se.
E àqueles que odeiam a serpente diz: passe reto.
Para saber mais
Os Pilares da Sabedoria (Relatos de Iniciação)
Veja também
A aristocracia cósmica de Maitreya
Sobre o Autor
Luís A. W. Salvi (LAWS) é estudioso dos Mistérios Antigos há mais de 50 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo e no Esoterismo Prático, desenvolve trabalhos também nas áreas do Perenialismo, da Psicologia Profunda, da Antropologia Esotérica, da Sociologia Holística e outros. Tem publicado já dezenas de obras pelo Editorial Agartha, além de manter o Canal Agartha wTV.
Imagem: LAWS no Templo de Kwan Yin, 2008, Alto Paraíso.
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