“Apenas os pequenos segredos precisam ser guardados, os grandes ninguém acredita” (H. Marshall)

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O VERBO SEMINAL (LOGOS SPERMATIKOS) E O CIRCUMPONTO



Emblema jesuítico do Nome solar Iesu Salvatore Homini
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Uma breve jornada pelo Símbolo-dos-símbolos
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“Na simbologia, um símbolo reinava supremo acima dos outros.
O circumponto. O símbolo da Fonte. A origem de todas as coisas.”
Dan Bronw, “O Símbolo Perdido”.

“No Princípio era o Verbo”, assim o apóstolo de Patmos abre o seu esotérico Evangelho, sempre buscando as questões mais profundas dos Mistérios da Encarnação.
Os Mistérios do Verbo compenetram todos os grandes mitos de Criação, muitas vezes de forma insuspeita, mais especialmente aqueles de extração solar, universal e unificadora, voltado para a humanidade em geral. É a razão pela qual este tipo de mito remonta comumente às origens das fundações culturais ou civilizatórias, como sucedeu à cosmogonia de Heliópolis, a Cidade do Sol (On em egípcio) onde se erigiram as Grandes Pirâmides, encabeçada pela figura solar de Aton.
Mais tarde o faraó-profeta Akenaton buscará romanticamente restaurar na esperança de reavivar a Idade de Ouro da Civilização, onde tudo bafeja à unidade e perfeição.
Aketaton, o “Horizonte de Aton”

O Sol Aton oferece a vida, representada pela Cruz Ansata, que é o Logos manifestado. Semelhante ao símbolo de Vênus, esta cruz aponta para a chave do amor, que era a energia espiritual atlante.
Não podemos deixar de relacionar este símbolo solar, ao do Bodhisatwa de mil braços do budismo chamado Lokeswara, que é a expressão ativa de Chenrezig ou Avalokiteswara, “aquele que olha por todos”.
É este poder de todo-doação, justamente, que gera a força solar do Logos. Este poder todo-amoroso é uma dádiva dos corações maduros e também iluminados, comumente sob a aguda dor do sacrifício, e o alcança o buscador abnegado que responde corretamente à solene pergunta ante o Graal finalmente entrevisto:
“- A quem serve o Graal?”
“- O Graal serve a Ti, ó Senhor!”
Dali nasce a certeza, de que a luz sagrada será usada apenas para semear a própria luz.
O Verbo seminal ou o logos spermatikos é, enfim, o poder criador, a potência da mudança e de renovação das coisas. Porém, nunca é demais dizer que, para a mentalidade antiga, a verdadeira Cosmogonia se assenta sobre uma justa noção cíclica de mundo, envolvendo a idéia de ciclos culturais, relacionados também àquilo que os teósofos chamam de raças-raízes (e sub-raças, etc.), que eventualmente pode até possuir algum matiz biológico, embora o principal seja de fato a questão cultural, o que nem sempre podemos denominar de “civilizatória” pelas razões conhecidas da Ciência.
Esta concepção cíclica não é ingênua, como se costuma pensar em nossos dias de materialismo, antes é profunda e alcança as questões da alma e do espírito humano, assim como os movimentos dos relacionamentos da humanidade com as forças gestoras da sua evolução superior, forças estas não raro denominadas “criadoras” por uma questão de sintaxe, e que regem a humana evolução pela simples razão de que a existência de um organismo depende de um ambiente que o englobe e que de certo modo lhe se superior.
No Oriente, o Logos manifestado é o Chakravartin, “aquele que repõe a roda em movimento”, sob o entendimento de que a roda já está acabada e perfeita, cabendo todavia reativar o seu dinamismo para que siga cumprindo o seu papel de conduzir toda a vida a um fim maior.
O Chakravartin
Na imagem do Chakravartin, acima, a Roda da Lei está comumente assentada sobre um pilar, emblema axial que apenas reforça a idéia do Logos. A expressão fálica deste pilar, remete ao conceito do logos espermatikos ou fecundante, e denota que a ativação do dharma representa a grande coroação da sua atividade terreal.
A idéia da Lei está comumente relacionada aos Manus, os Mentores raciais ou civilizatórios. Porém, esta é também uma função dos Budas, tal como Gautama, abaixo realizando o mudrá de “mover a Roda da Lei”, de restaurar & renovar o Dharma.

Destarte, este poder criador do Verbo poderia ser melhor dito como restaurador ou renovador, destinada a resgatar para a existência humana o viço dos dias.
Sua manifestação cíclica é providencial e atende às necessidades de renovação periódica dos seres e dos reinos, já que tudo na vida também está destinado a ciclos de ascensão e queda, inclusive a ordem social, cultural e civilizatória, com seus valores morais e seus dotes intelectuais.
O poder solar do Logos é incomensurável, e poderia ser medido através de aparelhos científicos, pois é o próprio poder da iluminação que revoluciona um organismo e modifica o código genético, donde a tradição de Sangrail e das linhagens reais.
Esta energia é usada para modificar o curso da História do Mundo em alguns momentos cruciais. E isto também aconteceu na História recente do mundo, mostrando o poder do Logos de alterar o curso dos acontecimentos. É a chamada intervenção divina ou a ação do Governo Oculto do Mundo, tal como aconteceu em 1988, com efeitos quase milagrosos já no ano seguinte pela derrubada do Muro de Berlim e o fim do império soviético - o que não representa, todavia, uma defesa ao decadente Ocidente capitalista, onde persiste todavia melhor o livre-arbítrio.
A queda deste muro simbolizou o rompimento da “Cortina de Ferro”, de modo que o tema pode ser equiparado à idéia do “rasgar o véu do templo” (ver nossa matéria E o véu do templo se rasgou, de alto a baixo...), ocorrido sob a expiação do Cristo. Outro símbolo afim, é a derrubada das muralhas de Jericó de forma mágica pelas forças de Josué.
O Verbo criador é, afinal, espada flogística com poder de penetração e vidência, a respeito do qual disse São Paulo, em passagem que testifica ademais o seu poder curador: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”  (Hb 4:12)
A energia logóica em si, é um pulsar quântico de energia quadridimensional, de penetrante poder curativo e glorificador.

Os Poderes do Logos

Sim, sim, sim!, a palavra é criadora e transformadora, com poder de gerar um amplo movimento renovador, como demonstra São João no começo do seu Evangelho (Jo 1:1-4)
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”
Ou seja: vida, luz e criação, ou vitalidade para o corpo, visão para a alma e criatividade para o espírito.
A Palavra divina teria realmente um papel determinante na recriação dos diferentes mundos, como assevera São Pedro em II Pe 3:5-7.
A Deus é atribuído comumente três grandes poderes, e mais um quatro que está prestes a ser plenamente revelado. Os poderes conhecidos são: Onipotência, Onipresença e Onisciência.

Estes poderes pode realmente representar muitas coisas, mas pouco talvez daquilo que a imaginação comum gosta de imaginar. Deus não faz, por exemplo, aquilo que os homens podem fazer, e nem libera potenciais superiores quando não forem para ser bem usados ou senão por real necessidade.
A Onipotência pode ser vista, por exemplo, como o poder de fecundar toda a atmosfera planetária com novas energias, que é aliás um sentido ótimo para a expressão logos spermatikos. Este poder divino está mais relacionado ao aspecto-Pai da Trindade, o Deus transcendente fora de nós, realçado pelas histórias narradas por Moisés sobre a face severa de Deus.
A Onipresença pode representar a capacidade de abranger todas as coisas através de sua mente e ideação, como soer ser as doutrinas holística da verdadeira Filosofia Perene que anima as Idade de Ouro da humanidade. Este poder divino está mais relacionado ao aspecto-Filho da Trindade, como Jesus dito “Emannuel” ou Deus-presente ou o Deus-Conosco, companheiro e amoroso que vem para servir e não para ser servido.
E a Onisciência pode significar o pleno entendimento, como ao dizer “nada do que existe me é estranho”, sob o pleno interesse de harmonizar e reunir todas as coisas. Este poder divino está mais relacionado ao aspecto-Espírito da Trindade, que é o Deus-em-Nós imanente, que também pode ser visto como discernimento e inteligência superior, assim como aos dons especiais que desenvolvemos por vocação, e que representa a energia que rege o mundo atual.
Um Quarto Poder divinal está todavia por ser plenamente revelado. Este Poder é às vezes chamado Sensciência, o “poder-de-sentir”, de ser sensível às demandas de todos. Naturalmente este pode é há muito conhecido e empregado, porém agora a humanidade se acha madura para gozar destas bênçãos especiais, que se manifestará através da criação de uma nova civilização voltada para o amor, levando ser humano à plenitude do seu sentir em toda as dimensões do ser.
Com isto, certamente o Plano de revelação divinal para esta ronda estará consumado, e a Trindade poderá finalmente se desdobrar na Tétrade potencial entrevisto no tetragrammaton divino.
O Logos é o Grande Instrutor quádruple, que confere Salvação, Iniciação, Iluminação e Ascensão, coisas eu possuem ademais analogias com a Trimurti e a Trindade.
Salvação é a introdução aos Mistérios Morais da religião universal para as massas humanas.
Iniciação é a introdução aos Mistérios Menores para a esfera racial.
Iluminação é a introdução aos Mistérios Maiores para a esfera hierárquica.
E Ascensão é a introdução aos Mistérios Cósmicos para a esfera divinal.

As dimensões do Logos

O termo “Verbo seminal” tem sido entendido de forma distinta, desde suas raízes pagãs na Grécia. Entre os estóicos, o logos do mundo é a “razão-semente”, que permitia uma aproximação do conhecimento e da Verdade. Heráclito atribuiu ao termo logos um princípio cósmico da Ordem e da Beleza.
No Cristianismo, o gênio de São João vislumbrou o poder criador do Verbo, e para São Justino todo ser humano tem uma "semente do Logos" (Semina Verbi ou Logos spermatikos) através da razão, especialmente sob o exercício da fé ou da retidão.  Segundo Orígenes, “o Deus Logos foi enviado como médico para todos os pecadores e como mestre dos divinos mistérios.”

De forma semelhante, o Logos como Palavra existe para a humanidade em várias dimensões: física, anímica e espiritual, e ainda uma especial “extra” que é a dimensão monádica. Podemos traduzir isto dentro do Budismo, como a Palavra, a Mente a o Corpo do Buda, ou mesmo como os “Corpos do Buda”, Trikaya, mais o quarto corpo secreto, o Vajrakaya.
Os Quatro Elementos
No Plano Físico, o Logos aponta uma raça e região onde deve se desenvolver focalmente um dharma, como uma missão específica e oportunamente de alcance mundial, já que se destina a fazer avançar a energia do planeta.
No Plano Anímico, ensina-se uma nova ética universal e implanta-se uma nova religião mundial, para restaurar e renovar as bases da espiritualidade popular, de modo que as massas também possam fazer aquela parte mínima que lhes toca para evoluir e auxiliar as evoluções maiores.
No Plano Espiritual, instrui-se acerca dos novos caminhos da iniciação e restaura-se o que preciso dos velhos saberes ocultos, num ensinamento que já tem por foco a nova raça-raiz.
E no Plano Monádico, orienta-se também os mais avançados de todos sobre as vias de evolução superior, algo que se destina especialmente para aqueles que se preparam para a grande maestria da vida.

Assim sendo, a iluminação trazida pelo Verbo vivo é universal.
Como Instrutor do Mundo, o Logos mostra as vias do equilíbrio e da criatividade interior, esclarece as idéias e ilumina os conceitos confusos. 
Este aspecto conceitual é realmente muito importante, e define um marco nos tempos. No entanto, para além disto, existe em relação ao Verbo uma questão de poder real, não obstante espiritual, que se acha na base mesma da questão conceitual (e nisto vale ver que “pelos frutos conhecereis a árvore”), que é o seu uso na iniciação,  Se relaciona nisto aos mitos da Palavra Perdida, ao caráter inefável do Nome de Deus, etc.
O Logos “nomeia” uma raça humana ao revelar a sua essência espiritual, o Som pelo qual ela pode alcançar a sua própria redenção e galgar aquele degrau necessário à sua superação, e assim visar a etapa seguinte de evolução;
Existe ademais um princípio esotérico pelo qual aquilo que não é dito não alcança vir à existência. Um objeto sem nome ainda é apenas um projeto. Daí o sentido simbólico do batismo e da renomeação como renascimento.
Tudo isto são desdobramentos da função primordial do Logos, e muito mais se poderia discorrer a respeito, em torno das variadas atividades e funções dos Logoi.

Os muitos Logoi

Costuma-se tratar do tema do Logos como algo singular, porque a importância de cada Encarnação é tão estupenda e a sua raridade tão grande, que quase não faz sentido comparar estas manifestações.
Os leigos e os religiosos, tendem a acatar apenas uma única destas Encarnações, justamente por uns são pessoas mundanas doutrinados por outros que são os seguidores de alguma deidade (ou profeta, etc.) específica, não muito mais evoluídos do que aqueles mesmos. No entanto, existe um certo desdobramento ou evolução no tema.
Vimos acima que as funções do Logos podem ser muitas, e nisto elas também podem ser repartidas em cargos ou funções mais específicos de atividades. Existe, por exemplo, diferentes categorias de Budas conhecidas, e no Hinduísmo se registra um número específico de avatares (22, com dez principais), embora ainda haja alguns “extras” e as deidades principais. Havendo ademais categorias de Logoi (plural de Logos) que atuam fora da manifestação ou do samsara.
A energia logóica como tal, começa a ser acessada na primeira iluminação (que é a quarta iniciação) pelo Arhat vitorioso através da integração da Mônada (“partícula” logóica no ser humano), sendo esta ainda uma energia humana. Seguem-se os dois graus hierárquicos que integram a Mônada Trina (sediada que estaria esta no Sexto Plano de energia-consciência, segundo a Teosofia), e no sétimo grau ou Bodhisatwa, já se concebe a avatarização pela fusão da Mônada no Logos. Os escalões evolutivos podem variar segundo cada tradição, os teósofos computam onze, e os maia-nahuas registram treze graus, incluindo sempre os estágios humanos.
Basicamente, os Logoi manifestados se dividem em Avatares Cósmicos (para rondas ou manvantaras, em número de 2), Avatares solares e Avatares lunares (para as raças, em número de 10) e Avatares religiosos (para as Eras astrológicas, em número de 12). A princípio, este montante alcança os 24 Anciãos que cercam o Logos na epifania de Apocalipse 11:16. A Teosofia ensina que cada raça possui dois Manus, e isto vale também para as rondas em geral, seguindo o conceito oriental.

A simbologia solar


Dan Brown escreveu um romance para tratar do símbolo circumponteado, denominada “O Símbolo Perdido” (no original, “O Último Símbolo”, apesar de se tratar antes do “primeiro dos símbolos”), onde busca explorar certo enigma da Maçonaria. 
Estas histórias de detetives com ingredientes místicos, leva a pensar como a busca do conhecimento também resulta num grande quebra-cabeça, onde porém mais do que concessões e privilégios, ele exige são renúncias e sacrifícios. O buscador diligente se depara todo tempo com símbolos quase indecifráveis e vilões inesperados –mas também com a Guia segura do seu interior e até de eventuais mentores-, e mesmo quando porventura encontre as coisas claras, ainda necessita discernir com apuro o que deve ser feito daquela informação, como se a eventual clareza –quiçá simbolizada pelo Sol- pudesse representar senão uma ilusão, ao menos o chamado para uma etapa ainda mais avançada de trabalhos ou de manifestação das energias no mundo.

Na presente matéria, podemos lançar maiores luzes sobre muito daquilo que Dan Brown apenas citou por alto. Mencionemos, porém, algo daquilo que se diz ali a este respeito.
“Na simbologia, um símbolo reinava supremo acima dos outros. Sendo o mais antigo e o mais universal de todos, ele unia todas as tradições antigas em uma única imagem que representava a iluminação do deus-sol egípcio, o triunfo do ouro alquímico, a sabedoria da pedra filosofal, a pureza da rosa dos rosa-cruzes, o instante da Criação, o Todo, o domínio do sol astrológico e até mesmo o olho onisciente que tudo vê a flutuar no topo da Pirâmide Inacabada.
“O circumponto. O símbolo da Fonte. A origem de todas as coisas.”
Trata-se de um símbolo da Unidade, também no sentido do Todo, é e com efeito um símbolo da Criação e do próprio Criador. Avancemos, daí:
“O circumponto tem inúmeros significados. No Antigo Egito, era o símbolo de Rá, o deus-sol, e a astronomia moderna ainda o utiliza da mesma forma. Na filosofia oriental, ele representa o insightespiritual do terceiro olho, a rosa divina e a iluminação. Os cabalistas costumam usá-lo para simbolizar o Kether, o mais elevado dos Sephiroth e a ‘mais escondida de todas as coisas escondidas’.”
“Os primeiros místicos chamavam-no de Olho de Deus, e ele é a origem do olho que tudo vê do Grande Selo. Os pitagóricos usavam o circumponto como símbolo da Mônada, a Divina Verdade, aPrisca Sapientia, a união da mente e da alma...
“O circumponto é essencialmente o símbolo dos Antigos Mistérios.”
Com tudo isto em vista, não se surpreenda o leitor por descobrir a quanta simbologia este símbolo –ou antes, a análise dos seus conteúdos- é capaz de remeter. Concluamos, pois, esta citação:
“O circumponto é um símbolo universal de Deus. Ao longo da história, o circumponto representou todas as coisas para todas as pessoas... ele é o deus-sol Rá, o ouro alquímico, o olho que tudo vê, o ponto que deu origem ao Big Bang, o... Grande Arquiteto do Universo.”
Assim, este é o símbolo do Sol na tradição hermética. A certa altura, tratamos de interpretar esse símbolo como o desenho de uma órbita completa, ou seja, a visão de um todo, no acabamento de um ciclo de evolução, incluindo a espiritualidade profunda. A contraparte seria o símbolo da Lua, um hemi-ciclo, expressão da metade da evolução completa, em especial com o desenvolvimento material das coisas.
    
Representa, pois, a semente colocada no campo para ser fecundado. Nisto, é também como a “Jóia no Lótus” (o centro cardíaco de doze pétalas que já contata a Mônada) ou a Óstia no Cálice, assim como a Excalibur e o Graal. Ou simplesmente ao OM, cuja grafia se assemelha ao numeral 30 que aparente (adiante voltaremos a isto), por sua vez, à grafia do próprio vocábulo OM, ou mesmo ao sigma-ômega ( ) grego (contraídos: SiOm).


Cabalisticamente, o circumponto solar expressa o valor dez, onde o ponto = um e o círculo = zero. Trata-se pois da base da escala decimal, assim como a essência do princípio-fractal no cosmos e no tempo, da “parte que contém a semente do todo” (como as células-tronco da medicina). Os ciclos resumem suas energias nos seus 10% finais de tempo, para “recapitular” a sua evolução e acumular energia para o estágio seguinte de evolução, coisa esta que incide sobre a função irisada das sub-raças setenárias.
Os Manvantaras com fractais*
Assim, o valor cabalístico do Logos solar é dez, representado pelo símbolo astrológico do Sol, ou o circumponteado. Na Cabala, a décima letra ou Iod, possui duas interpretações principais. Numa, ela é o dedo divino do ato do fiat criador, e na outra, ela é o sêmen ou mesmo a semente, princípios estes igualmente criadores.

IOD, 10ª letra hebraica
Neste imagem divina de Michelângelo, intitulada “Criação”, vemos o Senhir Deus em meios às suas hostes angelicais, pois o Genese também apresenta um Coletivo criador, que é a Loja Branca. Por isto o Nome Divino é o tetragrammaton IHVH, onde ao Logos corresponde apenas o Iod inicial, que não obstante resume os restantes como um fractal, por assim dizer.
A palavra IOD por ser equiparada a IO (I, EU), a essência do Ser, o Eu Superior ou Self, e nisto sua grafia ainda corresponde à do numeral 10, cuja simbolismo é sempre o ponto (Um, letra “I”) e o círculo (Zero, letra “O”).
Para efeitos de análise simbólica, as principais divisões do decimal são: 1+9 (solar), 2x5 (dual, mental), 4+6 (anímico), 3x3+1 (elemental) e 1+2+3+4 (iniciático).
Isto nos remete diretamente à imagem da Carta X dos Arcanos Maiores, a “Roda da Fortuna”, dominada por três figuras, com estrutura: 1+3+6 face a roda de seis raios, coisa que também se enquadra no chamado “Eneagrama”.

Matematicamente, o seis é uma base cósmico-geométrica natural, através do ciclo dos raios e das esferas, e o três se obtém através do valor do PI, por exemplo, como abaixo.
Para constar, as diferentes rodas budistas, também costumam assinalar estas triplicidades, no núcleo e no número de círculos.   

Dharmachakra e Bhavachakra
No Budismo, a Roda da Lei está comumente custodiada por dois cervos, indicando que a Roda é mantida pela pureza e a compaixão -o cervo é o animal do chakra cardíaco ou Anahatha na ioga hindu.
A divisão 4+6 está presente no Cubo, que é uma forma se totalidade para a evolução atual, abaixo “desdobrado” como cruz. Diz Brown que “a cruz com o circumponto no meio é um símbolo binário: dois símbolos unidos para criar um só” (op. cit.). Tal símbolo se aproxima da cruz celta, e ademais corresponde à Tetraktys representada em alfa-ômega no Ouroboros, por resumir a inteira evolução humana quaternária.

A divisão 1+3x3 nos remete aos Três Mundos reunidos na Árvore Sefirótica: Material, Anímico e Espiritual, mas a (Tri-)Unidade reitora da Mônada (Ain em hebraico).



Abundam de fato símbolos ternários e quaternários em torno do Logos. O valor secreto de dez é quatro, donde 1+2+3+4=10. Tal coisa estrutura o importante símbolo pitagórico da Tetraktys, usado nos tempos da iniciação, porém, obviamente na proporção inversa à que descreveu o escritor maçônico Magister, equiparando-se melhor ao uso disto feto do calendário hindu do manvantara enquanto proporções de tempo.
Tetraktys & Manvantara
Remete ademais nisto ao “poder florescente” da suástica ou da cruz gamada, o mesmo laubaru de tantas culturas através do mundo, representando a força de integração das coisas e a superação da matéria estática através da sua unidade transcendente. O laubaru florido também se aproxima da suástica pontuada oriental, também de sentido maior como veremos adiante.
     

Neste aspecto, também o faz de maneira dupla e controversa (onde 2x5, numerais idênticos e invertidos, que se assemelha a serpentes), testemunho da Unidade das coisas, matéria e espírito em integração, razão da Unidade que o define como original, universal e perfeito, face o poder criador no céu e na terra.
Porém, quando Dan Brown escreve em sua obra: “A Palavra Perdida não é uma palavra... é um símbolo” (op. cit.), ele comete um erro de teóricos. O circumponto tem relação com a Palavra Perdida, sim, mas não somente gráfico ou abstrato, por suposto. Existe também como Palavra emitida (por assim dizer, porque pouco se pode revelar a respeito dada a potência da “Palavra do Fogo”), tal como ainda se relaciona muito com a Palavra Sagra, o OM - e basta conhecer a obra de Alice A. Bailey para sabê-lo, pois o tema se acha praticamente ilustrado na forma do circumponto. Nisto, ambas as palavras podem ser muito equiparadas às duas HEs do Nome Divino, assim como ao Manvantara e ao Pralaya, ou ao Samsara e ao Nirvana, o que já é dizer muito sem dizer quase nada. O símbolo dialético abaixo, deve servir para ilustrar estes fatos.
A meditação realmente representa uma atividade seminal, especialmente nas suas etapas mais avançadas e ocultamente ativa, onde se usa a mente superior ou criativa, tal como nas práticas das Agni Ioga onde se trabalha com o fogo ou a luz. A técnica iniciática envolve depurar, harmonizar e unificar as energias de SOM, LUZ e AMOR, que depreende diretamente da Tríade superior, e através de sua progressiva fusão, tratar de reintegrar as energias das Mônada original, ascender a trina Kundalini e iluminar-se em definitivo...
Então, estas energias dialéticas, expressão da suástica e da sauvástica, quando unificadas resultam na Cruz Potenteia, ou a cruz-de-oito-lados, abaixo, que é portanto um símbolo do Logos, aqui representado pela Mônada. Este esquema possui função universal, e se aplica por exemplo a manvantara & pralaya, mediados pela Encarnação do Logos “na grande transição dos tempos”.
Obviamente, tal coisa nos remete diretamente à estrutura dialética da energia Kundalini ou do Caduceu mercurial. 
Da mesma forma, temos aqui uma direta alusão à vesica piscis, e que corresponde a outros símbolos geracionais, como o Vajra e o próprio Ajna Chakra, o “centro de comando” que encabeça o Caduceu místico. 
Nisto tudo, temos uma descrição simbólica onde o Logos central é a um só tempo o alvo e o motor do processo cósmico, daí a dualidade do tema, o que certamente nos reporta ao símbolo do Infinito, como logo veremos. Por ora, toca dispor ainda outro importante símbolo logóico ou solar assemelhado, que é o globo-alado-serpentino (uma variante do caduceu) ou o Farohar do Médio Oriente, mostrando a figura de um Ser, que pode ser um Ente espiritual como o Ahura Mazda persa, ou algum suposto rei-de-dharma assírio ou babilônico que assuma o papel de Chakravartin ou de Manu.
No conceito em especial da vesica piscis, abaixo, faz-s alusão ao corpo do peixe da Era passada, símbolo do cristão, mas também ao útero da Virgem, que pode ser ademais a própria Era ou senão a Igreja cristã como “Barca da Fé”.
Trata-se enfim do ambiente do Pleroma, a Alma cósmica, onde se acha o duplo- triângulo de VAU (a letra de valor 6), o Espírito santo ou a Loja Branca, e também o círculo de IOD (o Logos) –ver mais acima no símbolo completo.
Os outros símbolos são também tetragramáticos e de ampla prospecção. Sobre o “portal” Ajna Chakra, a respeito do qual temos tratado amplamente em outras ocasiões (assim como o do vajra), apenas nos remeterá contudo a um símbolo logóico egípcio que é o Olho de Hórus, o deidade solar, filho de Osíris e neto de Aton-Rá, e abaixo representado entre os símbolos do Alto e do Baixo Egito, o que deve nos permitir enxergar elementos de uma vesica. 
A perda e a reconquista deste olho perfazem alguma das mais importantes aventuras de Hórus, como uma luta pela preservação do equilíbrio e da visão única (ou unificada) sobre as coisas. Daí também a alusão místico-esotérica ao abutre-da-consciência e à serpente-da-iniciação que o Logos maneja, no tema, semelhante ao duplo-princípio tântrico Yab Yum do budismo, masculino-feminino, alusivo à “união da técnica e da sabedoria”. Era tarefa do faraó enquanto representante de Hórus, presevar esta dupla-realidade (e ainda conectá-las), através da religião popular e da ciência esotérica dos templos, assim como deveria tratar de preservar a unidade das Duas Terras do Egito cuja junção fora realizada por Hórus, segundo os mitos ancestrais, através da grande contenda judicial entre Set e Hórus sobre a herança de Osíris, que dividiu os deuses sobre o destino das Duas Terras.
Historicamente esta unidade foi alcançada pelo general e depois imperador Me­nés (ou Manu em egípcio, rescaldando ao Manu áryo), ligando assim seu nome ao de deidade protéica** Min: “(O) deus egípcio criador Min, é um deus antiqüíssimo, que deu lugar a Amon; ambos associam-se ao Poder da Palavra.” (LAWS, “A Astrologia Oculta”) Min é representado em forma itifálica, para simbolizar a sua atividade como logos spermatikos
Min encontra-se sobre o estrado que simboliza a Colina Primordial, a qual representa a Nova Criação, comumente identificada com a Agartha onde os mestres vivem ou se reúnem, a sede da Loja Branca enfim, “onde os deuses se congregam para criar o mundo”, como reza a lenda nahua acerca da função primordial de Teotihuakan, a “cidade dos deuses”.
Mais: “Na formação da cultura egípcia, o processo de implantação da civi­li­za­ção áurea foi representado pelo ritual da ereção do poste de Min, acima. Era um deus primordial itifálico, simbolizando a plena po­­­­tência da energia divina nas origens” (LAWS, “Arquitetura Sagrada & Urbanismo Solar”). O poste de oferendas de Min, a exemplo de outras colunas ou pilares, é um emblema fálico ou de fecundação espiritual, e se relaciona aos mitos da fênix (Benu, Ben Ben).
Retomando então o tema da Cruz Potenteia, é ela dá lugar às variadas Cruzes de Cavalaria -que por esta mesma razão detém função sinárquica ou universalista-, onde já revela as triangularidades que remetem a VAU, a letra então faltante do Nome Divino IHVH, pela qual se realiza a conexão mística do exterior com o interior e vice-versa.
IHVH soma cabalisticamente 26=8, donde o símbolo (que é hindu) deste valor estar presente no símbolo do infinito, que é como a dupla-serpente acima, além de marcar variadas cosmologias de Ógdoades (como na Teologia Menfita) e as próprias simetrias quadradas das mandalas.
No sistema de chakras budista, todos os centros possuem esta base numérica, ademais a energia flui através deles nesta mesma forma de “infinito”, recombinada e multiplicada em vórtices cada vez mais poderosos.
Vale ilustrar o fato do seu poder de manifestação, com esta versão rosa-cruz de cosmologia solar, cujas oito esferas, frutos da ação criadora do Tau ou da cruz ansata, resultam por exemplo nos dois grupos quaternários de planetas do sistema solar, o denso e o sólido, sob a ação suástica e da sauvásticas cósmicas respectivamente (o tema é detalhado em nossa obra “Tetragrammaton, a deidade criadora”, Ed. Agartha).
Contudo, tanto o laubaru florido ou a Cruz Gamada pontuada, e em especial a Cruz Potenteia em si, já possui o mesmo sentido do símbolo Tet de Osíris, ou a Quádruple Cruz Ansata, abaixo, também em versão cultual com Ísis e Néftis, as guardiãs do corpo de Osíris, então representado pelo Pilar-Djed (ou Tet) que simboliza a “árvore” na qual foi sepultado, após ser preso neste féretro e atirado ao Nilo por seu irmão-demônio Set.
      
Pilar Djed com Néftis e Ísis
O Pilar das deusas permite entrever o ressurgimento de Osíris como o deus Shu, o Espírito (Santo), tal como na promessa do Paráclito por Jesus. A difusão do Espírito Santo, representa com efeito uma essência do mito do logos spermatikos cósmico.
E nisto, completaremos o nosso tema com outra árvore-cruz sacrificial, a que dá nascimento ao Logos na tradição nahua do México, onde o novo ser nasce do sacrifício do velho homem, sob os ataques dos inimigos da luz - ver atualização do tema em nosso texto “A ‘Guerra nos céus’ de Aquário”.
O nascimento do Logos, cultura nahua
O ser que renasce da epifania da Árvore da Vida, é um ser novo mas frágil, pois as provações da cruz destruíram os seus corpos e ele terá que reconstruí-los um a um, através do glorioso Sendeiro de Retorno que deve doravante palmilhar, tal como um dia teve que construir os seus veículos ao vir à luz neste mundo.
Porém, o ventre pelo qual ele ressurge agora já não é de mulher, mas da própria Mãe Terra, comumente representada na base destas Árvores-de-sacrifício nahuas, e o poder criador que maneja recebe como benção especial do Graal vivo a que acede com força de ressurreição, de revelação e de emanação. E este crescimento será também um crescimento ante o mundo, mas num sentido naturalmente superior.
Daí os mitos do Deus-menino que vicejam nas antigas tradições, comumente confundido com uma criança real, como na história de Jesus ensinar aos doze anos no templo, quando na verdade representa os poucos doze anos de iniciação que tarda um grande iniciado para alcançar a maestria, em torno aos trinta anos de idade (daí também ser esta valor o criptograma do OM), destes dos quais se diz comumente serem “nascidos do lótus” (do coração), nome de Padma Sambhava, dito “o segundo Buda”. Abaixo, imagem de “bebê solar” em lótus, do Egito.
Bebê solar e lótus
A cruz espiritual ainda é, a rigor, uma iniciação humana - a não ser, talvez, nas condições expiatórias em que ela é tomada pelos grandes seres. De fato, esta Quarta Iniciação coroa a evolução do quarto reino, o humano.
Ao vencer a grande prova de sua própria humanidade, em nome ao amor ao todo que se conhece na cruz que reúne o céu à terra, é que um ser humano se habilita à alcançar a possível supra-humanidade.
Por isto, há que se responder também outra grande pergunta desta iniciação:
“- Ó lanu, sabei onde nascem os deuses!”
“- Sim ó, narljol, os deuses nascem ali onde morrem os homens!”
Ao emergir vitorioso da provação maior, o iniciado sabe-se enfim um imortal, e pode repousar se este for o seu desejo, ou pode seguir se esforçando para avançar ainda mais, nos rumos da Perfeição final, o que poderá eventualmente fazer dele algum tipo de Logos.
Se quiser servir na Terra, deve saber que a cruz será a mais pesada. E ao ascender desta forma através do grande Voto dos Renunciantes, o Logos emerge como um Demiurgo com o poder de criar o Novo Humano sobre a face da Terra, uma vez que possuirá todos os instrumentos para isto, dando prosseguimento ao trabalho da Criação.
Em muitos sistemas místicos o coração está associado ao Sol, pois neste quarto centro é que se dá a iluminação real, sob as provações da cruz espiritual. Na Árvore Sefirótica da cabala, o Sol rege a sexta sephira, Tipheret. No sistema ioga, o chaktra Anahatha possui doze pétalas como um zodíaco.
Na imagem abaixo, o demiurgo egípcio Ptah acha-se recostado no Pilar-Djed como um Osiris ressurecto, o que se repete no seu cetro-djed, e pousado sobre o símbolo da Colina Primordial (ver acima sobre Min).
Segundo R. A. Schwaller de Lubicz, “Ptah significa o "Fogo caí­do na ter­­ra”, o Fogo pro­meteico, se­mente animadora.” (“Le Roi de la Théocratie Pharaonique”, 1961) “(...) a teologia demiúrgica (Ptah) de Mênfis, confere uma explicação filosófica (da Criação) baseada no Verbo divino.” (LAWS, “Antropologia Geral”) 
O mito de Ptah, o deus-artíficie, está ligado ao ovo do mundo, acima. “(...) é o deus auto-gerado e que depois cria tudo a partir de si mesmo. Os doutores cristãos (também) diziam que Melquisedec era um ‘sacerdote eterno sem pai nem mãe’ (anupadaka, em sânscrito, ou swayambhu, ‘o que existe por si mesmo’, nome do primeiro Manu deste kalpa), e este mistério vela justamente o símbolo da ausência de ordem (‘mãe’) e mestre (‘pai’)” (LAWS, “Matriarcado & Nova Era”), sendo queanupadaka também descreve o plano monádico de consciência, o sexto do registro teosófico, que corresponde ao grau de Chohan ou Ishwara, o “Senhor” de Raio.
Encerramos, pois, com uma antiga evocação do “Livro Egípcio dos Mortos”:
“...que me seja preparado um lugar no barco do Sol,
no dia em que o deus vier à luz;
e seja eu recebido na presença de Osíris
 na sua futura terra da vitória.”
                                      Hinos Introdutórios, 24-27

* Esta imagem é usada apenas alegoricamente, pois não endossamos necessariamente esta visão dos fractais como “pralayas”, talvez comum na literatura teosófica.
** O termo é usado no sentido filosófico que Borges dá: “alguns (deuses), os protéicos, ‘no termo de uma só vida são leões, são dragões, são javalis, são água e são uma árvore’." (Jorge L. Borges, “O Aleph”)
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