“Apenas os pequenos segredos precisam ser guardados, os grandes ninguém acredita” (H. Marshall)

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A Meditação Criativa em Alice A. Bailey

"...nada há de pouco prático em se dar informações com referência à iniciação, como alguns podem pensar. Não há momento do dia em que a meta não possa ser visualizada e o trabalho de preparação levado avante..." (Alice A. Bailey, “Iniciação, Humana e Solar”) 

A meditação criativa na luz -e outros centros complementares- representa exatamente a técnica que buscam sugerir as Estâncias de Dzyan através de termos como Manasaputras, “Filhos da Mente”, e Agnishwatas, “Senhores da Chama”.

Alice A. Bailey trata do tema da meditação criativa em muitas de suas obras, as vezes de forma mais aberta e outras em termos mais velados, especialmente quando pretende fornecer certas chaves mais avançadas. Em sua importante obra “Discipulado na Nova Era” (Volume I, pgs. 84 a 96), Bailey trata com bastante desenvoltura da questão. As citações que seguem são todas desta obra, integrando o segmento “Falas aos Discípulos”, Parte Nove.

A introdução trata pois da importância de executar o poder da visualização da luz, representando a base mesma da verdadeira meditação: 

"O segredo de todo verdadeiro trabalho de meditação em seus estágios iniciais é o poder de visualizar. Esta é a primeira etapa a ser dominada. Os discípulos devem colocar ênfase sobre este processo; nele encontra-se, ao final, a capacidade de usar os poderes criativos da imaginação, mais a energia mental, como uma medida para promover os fins da Hierarquia e para a realização do Plano Divino.” 

Assim o domínio da forma-pensamento estaria na base da prática real da meditação, algo que já vai muito além da proposta simplista e recorrente de “controlar os pensamentos”, termo que tampouco exclui o seu uso direcionado naturalmente. Não vamos dizer que a prática de calar ou acalmar a mente seja uma técnica pré-mental, amanasa, atlante ou pisciana, mas sim que como toda a técnica negativa ela é apenas preliminar à verdadeira prática, que no caso seria de empregar a mente de uma forma positiva ou criadora. O ser humano possui um destino mágico. Ele está sempre criando com o pensamento e respira aquilo que pensa. Porque não pensar e respirar então apenas coisas boas e positivas? Como luz, amor, paz, alegria, felicidade…?!

Bailey (O Tibetano) afirma também “todos os novos processos em técnicas de meditação (que são responsabilidade da Nova Era) devem e vão incluir a visualização como um passo preliminar”. Não diríamos que se trata de algo assim tão novo, já que antigas escolas já os praticavam, porém integra seguramente um quadro de resgates e difusão de conhecimentos. Na sequência a amanuense trata então de listar as “razões” pelas quais tal coisa deve acontecer (a citação é longa):

Prática Dzogchen, Tibet

“1. A visualização é o passo inicial para a demonstração da lei oculta que ‘a energia segue o pensamento.’ Isto, naturalmente, todos os interessados em estudo ocultista reconhecem teoricamente. Uma das tarefas que confrontam os discípulos é alcançar o conhecimento factual disto. A visualização pictórica (que é uma característica definitiva do trabalho em muitas escolas esotéricas) é simplesmente um exercício para desenvolver o poder de visualizar. No trabalho dos discípulos que estão sendo treinados para a iniciação, este aspecto externo de visualização deve dar lugar a um processo interior, que é o primeiro passo para dirigir a energia. A visualização de imagens se destina a concentrar o aspirante na cabeça em um ponto intermediário entre o corpo pituitário e a glândula pineal. Nessa área, ele projeta imagens e pinta cenas e, assim, adquire a facilidade para ver - no conjunto e em detalhe - o que ele deseja e para o qual ele pretende trabalhar. A visualização do que poderia ser chamado de ‘processo dirigido’ ocorre de maneira mais focalizada na área diretamente ao redor da glândula pineal. A glândula pineal, em seguida, torna-se o centro de um campo magnético que é ativado, em primeiro lugar, pelo poder da visualização. Nesse ponto, a energia é acumulada pelo discípulo e, em seguida, dirigida com intenção a um dos centros. Este pensamento focado produz efeitos inevitáveis no corpo etérico e, portanto, dois aspectos da imaginação criativa são ativados.”

O texto trata de discernir pois entre certas práticas místicas correntes de “visualização pictórica” passiva, mormente impulsionado por kama-manas e pela devoção, de uma proposta efetivamente ocultista de imaginação dinâmica mediante kriyashakt e fohat, capaz de envolver ativamente os chakras de atma-budhi-manas através de um “processo dirigido” a partir da glândula pineal com foco em bodhicitta, a mente iluminada. 

Mesmo certas práticas new age empregando as sete chamas ou a própria chama violeta, ainda permanecem neste plano de “imaginação pictórica” passiva, produzindo algum efeito somente a um nível psíquico, por assim dizer. Para usar uma imagem, pode-se comparar este quadro a acender uma simples vela, em contraste com a potente energia de um maçarico quando se emprega de forma realmente dinâmica e direcionada as energias dos centros.

Na sequência passamos a observar então certas questões técnicas envolvendo tal prática, empregando a autora a expressão “imaginação criativa”:

“2. O poder de visualizar é o aspecto de construção de formas da imaginação criativa. Este processo se divide em três partes, que correspondem de certa forma ao processo criativo seguido pela própria Divindade:

“a. A acumulação de energia qualificada nos limites de um círculo-não-se-passa.

“b. A concentração desta energia, sob o poder da intenção, em um ponto próximo da glândula pineal. A energia está assim concentrada e não difusa.

“c. O direcionamento desta energia focada por meio de um processo pictórico (não por um ato da vontade neste momento) em qualquer direção desejada, isto é, a certos centros em determinada ordem.”

Ioga Solar, Egito

Com efeito o processo é trino sob diferentes aspectos, a começar pela transferência de energias da tríade inferior para a superior, de forma ordenada e específica, ou seja: o “direcionamento desta energia” a “certos centros em determinada ordem”. 

O trecho acima enfatiza porém palavras como “acumulação” e “concentração”. Aqui devemos observar a importância de contar com outro recurso que é o do mantra, mais especificamente o OM como a autora também enfatizará em outras passagens, uma vez que “o som é o veículo da energia”, proporcionando assim volume aos trabalhos. Da mesma forma que toca angariar qualidade através da energia do coração.

Na sequência temos novos detalhes sobre a técnica em questão:

“Este processo de direcionamento da energia pode se tornar um hábito espiritual, se o discípulo começar a fazê-lo lenta e gradualmente. No início, o processo de visualização pode parecer difícil e inútil, mas, se perseverar, ele descobrirá, finalmente, que se torna fácil e eficaz. Esta é uma das maneiras mais importantes em que um Mestre trabalha; é essencial, portanto, começar a dominar a técnica. As etapas são as seguintes:

“a. Um processo de acumulação de energia.

“b. Um processo de focalização.

“c. Um processo de distribuição ou direcionamento.

“O discípulo aprende a fazer isso dentro de si mesmo e mais tarde a dirigir a energia (de algum tipo escolhido e particular, de acordo com a demanda da ocasião) para o que está fora de si mesmo. Isto constitui, por exemplo, uma das principais técnicas de cura do futuro. Também é utilizado pelo Mestre para despertar em Seu discípulo certos estados de consciência.”

O segmento começa pela admoestação sobre a importância da perseverança, já que incialmente tudo pode parecer um tanto vago ainda, mas com o tempo e o devido treinamento os frutos serão certamente colhidos. Com efeito a tendência à medida em que o praticante refina e concentra a sua energia é da prática tornar-se rápida, leve e também efusiva.

Para isto a técnica é resumida em termos de acumulação, focalização e direcionamento de energias. A imagem abaixo dos Brahma Kumaris ilustra também a questão.

A citação enfatiza no final a importância da técnica para os trabalhos de cura e também seu emprego para impactar a aura dos discípulos com novas energias. Rumando para a conclusão, o texto trata de demonstrar o ganho de consciência e de energia que representa este método. Citemos pois: 

“3. O poder de visualizar corretamente é um modo definitivo de averiguar a verdade ou a falsidade. Esta é uma afirmação difícil de compreender. A visualização é, literalmente, a construção de uma ponte entre o plano emocional ou astral e o nível mental e é, portanto, o que corresponde na personalidade à construção do antahkarana. O plano astral, o segundo aspecto da personalidade, é a correspondência com o aspecto de construção de forma da Trindade, o segundo aspecto. 

“A imaginação criativa ‘imagina uma forma’ através da capacidade de visualizar e a energia da mente dá vida e direcionamento a esta forma. Concretiza um propósito. Assim, um relacionamento ou linha de energia é construído entre a mente e o veículo astral e torna-se uma linha tríplice de energia quando a alma do discípulo está utilizando este processo criativo de forma planejada e definitivamente construtiva."

Prática Dzogchen, Tibet

Deste modo o trabalho da projeção da energia realizada pela técnica criativa acrescenta dinamismo interno, pois depende do emprego dirigido da vontade, desenvolvendo novas faculdades internas e ampliando o nosso poder criador, com reflexos diretos em nossas estruturas internas que podem ser assim definitivamente transformadas, repolarizando as nossas energias desde o plano da alma para o do espírito. E com isto a consciência finalmente âncora num universo de verdades eternas e autônomas, posto que o mundo da alma também retrata amiúde versões apenas aparentes ou transitórias das Grandes Realidades.

A ideia da tríplice corrente do Antahkarana mencionado conflui com a natureza trina de Kundalini e corresponde às hipóstases de som, luz e amor que caracterizam e resumem as energias humanas em evolução.

A conclusão reitera então quanto ao papel desta técnica no trabalho dos Mestres e sua pertinência e importância para os tempos atuais:

“Este processo de visualização e o uso da imaginação formam os dois primeiros passos na atividade de construção de pensamentos-forma. É com estas formas autocriadas - incorporando ideias espirituais e propósito divino - que os Mestres trabalham e o propósito hierárquico toma forma. Portanto, é essencial começar a trabalhar com deliberação e lentamente desta maneira e a utilizar as informações acima construtiva e criativamente. A necessidade dos tempos está cada vez maior e é necessário o máximo de trabalho e propósito.”

Com efeito o processo de visualização surge comumente como a base da prática da meditação solar, como demonstram também as Séries Esotéricas de Tutankamon que temos divulgado, para passo a passo incorporar também o amor e o som (mantra). Talvez isto aconteça porque a terceira iniciação está mesmo polarizada no plano mental, cabendo observar então que tal técnica destina-se também a despertar a clarividência, que é uma das grandes caraterísticas da terceira iniciação, possibilitando enxergar também nos planos etéricos onde situam-se outros reinos e onde os próprios Mestres também podem frequentar.

Há mesmo muitas razões para que estes conhecimentos sejam aplicados à vida na atualidade, seja para efeitos de transição dos ciclos ou de resgate do verdadeiro dharma espiritual áryo, como também em função dos novos ciclos planetários que terão tais recursos como práticas regulares, como é o caso do Terceiro Sistema Solar (Kalpa, Ano Cósmico) que se anuncia.

* Sobre o Autor:

Luís A. W. Salvi é estudioso dos Mistérios Antigos há mais de 50 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo e no Esoterismo Prático, desenvolve trabalhos também nas áreas do Perenialismo, da Psicologia Profunda, da Antropologia Esotérica, da Sociologia Holística e outros. Tem publicado já dezenas de obras pelo Editorial Agartha, além de manter o Canal Agartha wTV 

Imagem: LAWS  no Templo de Kwan Yin, 2008, Alto Paraíso.


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