Reunimos neste trabalho-denúncia uma síntese reveladora da manifestação das forças trevosas no planeta, vistas em termos de tríades e aproveitando para isto classificações presentes em várias tradições esotéricas, religiosas e espirituais.
Toda luz projeta a sua sombra, e todo bem pode despertar algum mal. Daí a profusão de doutrinas tradicionais sobre as forças das trevas, ainda que também possamos dizer que a organização do Mal tem sido consequência da própria evolução espiritual da humanidade, e por várias razões.
Quanto mais sofisticada fica uma evolução, maiores serão os refugos naturais dos seus processos de formação e, da mesma forma, mais camadas evolutivas vão ficando para trás. A decadência cultural e o ostracismo das formas sagradas contribui para este quadro.
A Demonologia é uma metaciência com muitas ramificações e classificações. Neste trabalho trataremos contudo de resumir e diferenciar meramente as expressões mais importantes do Mal, como uma espécie de reflexo das energias primordiais da Criação ou da Natureza mesma, e com certo respaldo ecumênico ou multicultural.
E para orientar as nossas investigações, trataremos de buscar as definições do mal e do negativo em algumas tradições, especialmente naquilo que elas reportam em termos mais ou menos plurais.
De outro modo tal coisa poderia nos levar muito longe, se fossemos realmente seguir as classificações. Existem os demônios dos Sete Pecados Capitais e certamente muitas outras listagens, até porque as sistematizações do sagrado e do angelical também podem resultar da mesma forma complexas.
Por isto nos ateremos aqui apenas ao principal, em torno de nomes bem conhecidos e de tradições renomadas, a fim de obtermos um conteúdo didático e atraente, e afastando-nos pela mesma razão do simplismo e das generalizações comuns aos leigos.
Lembrando também que o Hinduísmo fala de três formas principais de maya ou de ilusão, relacionados às esferas da matéria, da alma e do espírito.
Tal como podemos evocar da mesma forma a triple divisão realizada por Alice A. Bailey entre maya, fascinação e ilusão no livro “Miragem – um Problema Mundial”, atingindo objetivamente aqueles planos mais densos que são o físico, o emocional e o mental; os únicos afinal que o Mal pôde realmente alcançar.
É importante notar então que a evolução iniciática da humanidade tem sido objeto nestes séculos de um Plano da Hierarquia espiritual, especialmente em favor destes que são chamados “Os Três Planos de Esforços Humanos”
E neste caso, as forças trevosas em questão também tem suscitado “naturalmente” uma oposição sistemática a este Plano espiritual, como poderemos também entrever então.
Dentre as tradições que melhor nos mostram as diferentes faces do Mal e sem muitos relativismos, podemos destacar o Budismo e o Cristianismo.
O budismo nos fala de modo recorrente dos “três venenos da mente”, nas formas da ignorância, da raiva e do apego. E na verdade também podemos associar estes venenos aos três gunas ou tendências hindus da mente ou da matéria na forma de raja, tamas e satwa. A partir disto é possível encontrar bases para uma imensa sorte de males comuns na humanidade.
Já o Cristianismo é herdeiro da mesma forma de certa tradição demonológica que encontra talvez no livro profético e sapiencial do Apocalipse de São João o seu ponto mais alto, ao mencionar aquela Trinca Demoníaca formada pela Besta, pelo Falso Profeta e pelo próprio Anti Cristo.
Na realidade algumas destas tradições ostenta ainda outras classificações sob o desencadeamento de arcos de negatividades ou círculos viciosos. O Budismo mostra por exemplo a sua “Roda da Vida” com vários círculos que se desdobram em torno dos três venenos, comportando os doze processos de encadeamentos da mente e também os seis reinos que podem encadear a consciência, entre eles o próprio reino dos deuses.
No Apocalipse temos da mesma forma de início os Pecados da Sete Igrejas e a certa altura os Quatro cavaleiros Apocalipse representando a Peste, a Guerra, a Fome e a Morte. A trinca central citada da Besta, do Falso Profeta e do Anti Cristo surgem aos poucos e vão sendo da mesma forma por partes vencidos.
Para organizar o nosso próprio léxico, investigaremos pois os significados de alguns dentre os principais nomes do demônio. Em última análise, a etimologia selecionada servirá aos propósitos em vista.
A própria palavra demônio vem do grego daimon onde sabemos possuir uma aplicação muito ampla e vaga, e sem conotações negativas necessárias. Passemos então para as restantes.
Satan significa “adversário” no hebraico; Diabo vem do grego diabolos e remete o “divisionismo”, e Lúcifer vem do latim e significa “portador da luz” -no caso, já como anjo caído. E uma forma muito precisa de caracterizar estas tendências seria pois como violência, negligência e lascívia, conforme comentaremos nas análises a seguir.
E com isto teremos pois três formas mais características da manifestação do Mal, configurando pois os contornos tenebrosos da Loja Negra que representa o Templo das Trevas do planeta, tendo no seu átrio exterior toda uma zona cinza formada pelas legiões de pessoas mal encaminhadas, passando pelos indivíduos mais ou menos habilidosas em formas de fraude, desvios e assédio moral.
E encabeçado por fim pelo próprio Mal Organizado como forças especializadas nas mais rebuscadas artes da opressão, da manipulação e da simulação, de forma planejada, intencional e consciente, movidos invariavelmente pelos mais profundos e irrecuperáveis desvios de caráter, infelizmente muito comuns nesta humanidade ainda em evolução.
E tal como no caso das tríades divinas, as tríades demoníacas também atuam conjuntamente, mesmo sem demostrar nenhum grau de vínculo objetivo entre si, já que boa parte das suas artes se exercem sob formas ocultas e insuspeitas de cumplicidade.
Afinal como se diz o diabo é o pai da mentira e um artista da dissimulação. E nesta colaboração maléfica, existem esforços secretos e concentrados para promover a alienação, a ignorância e o medo.
Lembremos que, nas filosofias originais, as instituições sociais estavam unificadas, quer dizer, eram holísticas ou universais. O assédio por exemplo, como uma modalidade sutil de opressão, pode acontecer em qualquer destas formas do Mal.
Nas análises a seguir dividiremos pois as partes por linhas de atividades meramente para fins didáticos, conectando ademais aos venenos budistas da mente e aos gunas hindus, tal como à contraposição da Trindade divina e à Trimurti hindu.
O Satanismo
Comecemos pois pelo veneno da raiva, que podemos relacionar à energia impulsiva do guna rajas no hinduísmo. Aqui temos pois uma energia de poder que podemos relacionar à expressão demoníaca de Satanás, enquanto adversário direto de Deus.
Por isto se trata da Besta perseguidora do Apocalipse, contrapondo-se mais objetivamente ao Deus-Pai como força criadora original, tal como ao deus hindu Brahma. Assim como todas aquelas forças malignas persecutórias que empregam os artifícios das artes negras da feitiçaria.
No plano social esta tendência é natural dos políticos poderosos e dos guerreiros, dos governos opressores e das aristocracias decaídas. É a reunião das forças de Roma e de Israel que prenderam, torturaram e executaram Jesus.
Historicamente tem-se muitas ocasiões em que a religião e o misticismo deram apoio impróprio ao poder temporal, na indevida subserviência do espiritual ao temporal –uma espécie de anti-sinarquia, portanto, dando lugar a Estados terroristas como foi o asteca e a processos inquisitoriais como os medievais.
Esta tendência está marcada pois pela violência, e é quando vocações de liderança se convertem pois em tiranas e opressivas, pela falta de sabedoria quanto ao uso da própria energia.
Para desabrochar uma grande vocação satânica, pode bastar a algum militar em evidência com formação religiosa, padecer uma frustração séria das suas próprias expectativas ideológicas, levando-o a forçar uma situação política e social opressiva.
Nas classificações de Alice A. Bailey, este aspecto mais burdo do Mal teria relação com o grau do Aspirante espiritual, ou aquele que se encontra no Sendeiro do Noviciado. O seu próprio desafio se resume então por Maya, relacionada ao Reino Mineral, demandando buscar uma coordenação física por meio da concentração de energias.
O Diabolismo
Em seguida teremos o veneno da ignorância, que podemos relacionar à energia de inércia do guna tamas no hinduísmo. Neste caso teremos uma energia de dissimulação e de divisão, tal como se apresenta no próprio nome do Diabo, também como o grande manipulador das coisas.
O Diabo também é denunciado no Apocalipse de São João como um “acusador”, uma espécie de advogado do Mal portanto, sempre a postos para julgar e caluniar, buscando estratagemas políticos e jurídicos para denegrir a imagem dos filhos de Deus.
Por isto se trata do Anti Cristo do Apocalipse, aquele se que opõe ao Cristo, e se contrapõe especialmente ao Deus-Espírito como força transformadora, tal como ao deus hindu Shiva. Aqui adentram pois aquelas correntes místicas e religiosas interessadas na ação política ao modo das ordens secretas e das linhas secularistas.
O manipulador é ademais aquela eminência parda que jaz muitas vezes sob as figuras de autoridade, buscando controlar esta autoridade através da adulação e mediante serviços prestados, buscando se tornar cada vez mais uma peça chave de um esquema para oportunamente controlar a tudo.
Não raro este é um perfil de sociopata, que vê o grupo como um tabuleiro de xadrez para jogar friamente e sem escrúpulos em prol dos seus próprios interesses.
Esta tendência também está marcada pela negligência, quando vocações de conhecimento e Espiritualidade sucumbem à vaidade, ao fanatismo e à ignorância; então aqui temos os drogados endêmicos de toda a Natureza, que são como desleixados quanto ao próprio destino, afetando com seu comportamento a própria coletividade e mesmo o planeta do qual participam
Para desabrochar uma grande vocação diabólica, pode bastar a algum intelectual em evidência com formação mística, uma frustração das suas próprias expectativas quanto aos destinos da nação, levando-o a simular uma posição exaltada em termos de liderança filosófica ou política, para então projetar o seu jogo destrutivo no mundo.
No plano social esta tendência é natural dos revolucionários e dos anarquistas, dos liberais e dos materialistas. Não casualmente, os revolucionários têm afeição pela ideia da “dialética histórica”, afim do divisionismo diabólico.
Tais correntes políticas são com efeito muito marcadas pela astúcia e pela manipulação das consciências, colocando literalmente a seu serviço legiões de criaturas desesperadas e desorientadas mundo afora.
É então o traidor Judas aliado ao revolucionário Barrabás e que trai o Mestre com um beijo, tal como são as próprias forças organizadas de Barrabás que depois condenam Jesus à morte. Deixaremos um vídeo sobre a traição de Judas no contexto geral da sociedade judaica da época aqui nos créditos da plataforma.
Sob as ações dos fanáticos politizados, descaminhos são então forçados à exaustão, resultando na extinção de sociedades e civilizações, tal como no caso dos próprios judeus tantas vezes sujeitos ao êxodo e à deportação.
Nas classificações de Alice A. Bailey, este aspecto mais mediano do Mal teria relação com o grau do Discípulo espiritual, ou aquele que se encontra no Sendeiro do Discipulado. O seu próprio desafio se resume então pelo Espelhismo, relacionada ao Reino Vegetal, demandando buscar uma reorientação astral por meio da meditação espiritual.
O Luciferismo
Por fim temos o veneno do apego, que podemos relacionar à energia harmônica do guna satwa no hinduísmo. Corresponde então ao demônio Lúcifer, naturalmente vinculado à espiritualidade, como simulador ou falsificador das coisas imateriais; posto que o apego induz comumente também à inveja. Pois com certeza não pode existir maior invejoso do que o próprio usurpador.
Como farsante Lúcifer representa a prática do engodo na espiritualidade. E por isto se trata do Falso Profeta do Apocalipse. Esta corrente se contrapõe pois ao Deus-Filho como força de conservação, tal como ao deus hindu Vishnu.
E neste sentido, seria debalde as tentativas de aproximar Lúcifer de Prometeu, porque este último sacrifica-se pela humanidade, ao passo que o anterior sacrifica a humanidade em si às suas próprias ambições pessoais.
No plano social tal tendência é natural daí dos místicos e dos religiosos. São os Fariseus como sepulcros caiados, os Saduceus como falsos doutrinadores e por fim as forças do Sinédrio que tramaram por detrás das cortinas com todas as outras forças sociais para prender e para matar Jesus. Aqui surge pois as forças da ilusão e do auto-engano, não raro acobertadas por convenções ou pseudo-tradições parasitárias e vazias.
Esta tendência também está marcada pela lascívia, quando vocações ao amor e à fraternidade sucumbem ao desejo passageiro e egoísta. Aqui entram também aqueles médicos e curadores que abusam da boa fé e dos próprios corpos dos seus pacientes.
É importante compreender que os discípulos e mesmo certos iniciados não são indivíduos isentos de erros. Pelo fato de terem experiência e força interior, assim como erudição e disciplina, tal como intuição e inteligência desenvolvidas, adquirem capacidade de manifestar carisma e segurança naquilo que realizam, impactando deste modo os leigos e também os aspirantes, de sorte a terem facilidade de disseminar as suas crenças no mundo. Não significa portanto que eles sejam grandes portas-vozes de Verdades, com efeito acontece não raramente de alguns deles se tornarem até mesmo mensageiros da Loja Negra, atuando na prática contra muitos dos grandes princípios da luz, peses as aparências enganosas, uma vez que sabem perfeitamente dissimular as suas intenções. O núcleo do ego não costumava estar removido neste grau, especialmente dentro da mística híbrida que domina a espiritualidade moderna, num mundo onde o incentivo ao ganho pessoal é sempre muito grande, dominando pelo contrário formas de anarquismo e fórmulas de auto-ajuda a título de uma mística de consumo rápido e lucrativo. Em última análise é comum o transplante acrítico de doutrinas ou a tentativa de adaptação a contextos impróprios.
Para desabrochar uma grande vocação luciférica, pode bastar a algum espiritualista em evidência com formação esotérica, uma frustração das expectativas pessoais quanto a vir ser aclamado ou reconhecido como mestre ou mensageiro, levando-o a simular uma posição exaltada em termos de Hierarquia espiritual; independente da gravidade que possa decorrer da sua traição perante as coisas espirituais e planetárias.
Aqui entra pois todas aquelas correntes místicas carismáticas e de tendências fanatizantes, levando à criação de seitas de pseudo iniciados, característicos dos inúmeros projetos sociais elitistas de Lúcifer, assinalados pela sua gritante falta de real universalismo
Representa ademais terreno fértil para a proliferação do “materialismo espiritual” denunciado pelo lama tibetano Chogyan Trungpa, resultando comumente em fraudes e em desilusões, tal como seguramente em muito tempo perdido, inclusive muitas vidas ceifadas sob os descaminhos assim apresentados.
Basicamente aquilo que temos aqui é a imposição do amadorismo sobre as autenticas vocações, quer dizer: uma usurpação de funções. Um dos mais nefastos resultados desta hipocrisia é o descrédito social e cultural das forças espirituais, levando a humanidade a cair no engodo das revoluções e das ideologias liberais ou materialistas.
Nas classificações de Alice A. Bailey, este aspecto mais sutil do Mal teria relação com o grau do Iniciado espiritual, ou aquele que se encontra no Sendeiro da Iniciação. O seu próprio desafio se resume então pela Ilusão, relacionada ao Reino Animal, demandando buscar um redirecionamento mental por meio da contemplação espiritual.
E nisto resumimos pois as nossas três classificações principais do Mal, ou seja: como o mal opressor, o mal como manipulador e o mal como simulador.
A construção da imagem do Mal
E já com relação à própria imagem do Mal, que é sempre mais ou menos padronizada, é comum se falar de chifres e rabos, que todavia são coisa com simbolismo próprio. A imagem comum tem relação com o signo de Capricórnio, regido por Saturno, um planeta associado à morte, inclusive a morte simbólica ou iniciática e, como tal, objeto de culto entre os Templário na forma de Baphomet.
Tal como remete ao deus Pan, relacionado à Natureza, uma realidade em si mesma um tanto desprezada pela mentalidade religiosa medieval, mas sobretudo para combater a grande popularidade que esta divindade havia alcançado então.
Na verdade, traços deste simbolismo remonta já à Angra Mainyu ou Arimã, a representação do Mal presente na religião de Zoroastro, e que seria a primeira grande tradição espiritual com nítidos traços de dualismo.
Tem sido demonstrado pois que a imagem do diabo foi construída aos poucos, e em boa parte ela é até bastante recente. Até o começo da Idade Média ainda se mostrava Satanás como um anjo, porém desgarrado. Neste sentido, tem chamado a atenção um mosaico do século VI existente na Basílica de Santo Apolinário Novo, em Ravena, Itália, onde é representado o "Julgamento das Nações", do Evangelho de Mateus (25:31–46), abaixo, mostrando Jesus entre dois anjos, um com ovelhas e outro com bodes –o bode que tantas vezes tem sido associado ao diabo...
A cor vermelha paixão do bom anjo é aquele da paixão, do sangue do sacrifício simbólico. E a cor azul do mau anjo é a na nobreza e a do poder material. Mais tarde o diabo incorporará a cor vermelha em função do próprio fogo do inferno...
Ora, quem não sabe que a religião também é ambiente onde floresce o mal, e que é um dos locais onde mais existem psicopatas, até porque ali há sempre boas oportunidades para ambiciosos, arrivistas e infiltrados como um Judas Iscariotes. E quem não conhece casos de falsos mestres que se apresentaram a vida toda como castos e devotos, para depois serem desmascarados desta ou daquela forma? Mesmo pessoas que servem às Hierarquias estão sujeitas a quedas diante de provações maiores. Afinal as próprias Hierarquias não costumam ter muitas opções mesmo para trabalhar com a humanidade.
Satanás é um grande oportunista que se vale das ilusões e da falsa espiritualidade humana para angariar fama e poder. Ele é chamado de “adversário” porque é revoltado por não ser o escolhido de Deus, então procura arrebanhar o máximo de almas que pode para levar para os infernos da ilusão e a falsidade, tal como das espiritualidades inócuas e permissivas que o vulgo tanto aprecia...
Ao fim e ao cabo, a verdadeira separação do joio e do trigo nem seria tanto entre os religiosos e os materialistas, e sim entre os seguidores do Deus vivo e os adeptos desta espiritualidade corrompida, que sempre serão naturalmente a maioria. Tem-se daí imagens como a da Batalha de Kurukshetra onde ambos os lados tinham grandes virtudes, mas apenas um servia realmente a Deus como força criadora e de renovação. Daí Krishna fala em lutas contra os próprios parentes, ou Jesus falar em separação de famílias, tratando de imagens de quem está muito próximo de nós.
Conclusões
Chegamos assim ao final deste trabalho sobre a tripla natureza do Mal. Talvez o grande valor destes estudos aprofundados -e também especificados- sobre a natureza do Mal, é dar a conhecer melhor as verdadeiras complexidades do caminho espiritual, mesmo no plano social, especialmente em contextos turbulentos de transição de tempos e de sociedades em formação.
O ser humano não gosta de pensar que ele pode ser apenas um joguete nas mãos de forças superiores, sobretudo das negativas neste caso, e esta é uma armadilha na qual caem especialmente aqueles que desenvolvem um pensamento cético sobre as coisas espirituais, escudados por um verniz frágil de idealismo.
Muitos exemplos poderiam ser arrolados no país e no mundo, em termos de fraudes, manipulações e usurpações -tais como os oferecidos mais acima-, passando comumente pelos caminhos da mística, da religião ou da espiritualidade, e que podem se tornar instrumentos para um carma negativo individual e até coletivo.
Cabe então deixar aqui uma mensagem positiva -ou pelo menos construtiva- a respeito deste grave problema do Mal planetário.
Em primeiro lugar existe com efeito uma proteção contra o Mal, tema relacionado por sua vez àquela angeologia que está a serviço das forças do Bem. Não obstante, a economia espiritual do mundo reflete a sua economia material, seguindo sempre a Lei do Menor Esforço.
A proteção espiritual é um investimento realizado pelas forças espirituais enquanto a pessoa realmente necessita. Depois que ela se torna adulta o seu livre arbítrio como que amadurece, e então cada vez mais ela precisa passar a dar a sua própria contribuição, inicialmente tornando-se espiritualmente independente, e logo auxiliando as outras pessoas a se libertar da mesma forma. Até chegar aquele ponto em que o iniciado pode dispensar praticamente toda a proteção espiritual para si mesmo, e até começar a oferecer a outros.
As verdadeiras cadeias da humanidade são morais, porque é ali que nascem todas as outras prisões. Contudo, a síntese da salvação está nos Mistérios, na busca da auto-realização séria e profissionalmente empreendida.
A Tradição Sapiencial ensina que esta proteção também pode se estender às Nações, especialmente aquelas assinaladas pelo Destino à condição de raças eleitas ou luminares.
Neste caso toca a analogia da procura pelo Polo Espiritual do Mundo, a fim de obter as verdadeiras orientações, sem as quais a própria senda espiritual poderá permanecer truncada -da mesma forma que todos os outros caminhos necessários para a humanidade, mesmo os sociais, já que na prática as coisas nem diferem tanto assim.
De outra forma, o Mal também pode se abater sobre tais nações marcadas pelo carma sagrado, caso não atendam as demandas do seu próprio Destino!
O caminho da luz não é e nunca foi realmente uma jornada sem roteiros. Ao menos as coisas mais importantes sempre serão assinaladas.
Sobre o Autor
Luís A. W. Salvi (LAWS) é estudioso dos Mistérios Antigos há mais de 50 anos. Especialista nas Filosofias do Tempo e no Esoterismo Prático, desenvolve trabalhos também nas áreas do Perenialismo, da Psicologia Profunda, da Antropologia Esotérica, da Sociologia Holística e outros. Tem publicado já dezenas de obras pelo Editorial Agartha, além de manter o Canal Agartha wTV.
Imagem: LAWS no Templo de Kwan Yin, 2008, Alto Paraíso.
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