O Reino da
Consciência – A Loja Negra – Um Astral Pesado – Anima e Animus – O Anjo da Guarda –
Provação e Evolução – Terreiros e Espíritas – Cerrando as Portas – Kali e Durga – A Dança de Shiva
A espiritualidade representa um
caminho sempre com muitos desafios, entre os quais se encontram esta espécie de
provação espiritual que são os espíritos
obsessores -e cuja disseminação seria especialmente comum -e como seria
mesmo desse esperar- nas épocas mais materialistas da história. Na verdade todo
estão sujeitos a obsessão, porém somente religiosos e espiritualistas é que podem
realmente considerar a questão um problema a ser tratado.
A Espiritualidade está muito relacionado
a conquistas e sínteses, mas nem por isso deixa de tratar também de mazelas e
desafios, porque é justamente trabalhando as nossas sombras que conquistamos a
nossa própria luz, como uma espécie de compensação natural das coisas. Então o
conhecimento da luz ou da sombra é sempre uma referência para alcançarmos a
compreensão dos potenciais em vista, uma vez que um extremo sempre pode sinalizar
o outro.
Isto significa também que o autoconhecimento
representa uma das chaves-mestras para a evolução interior, ainda que por autoconhecimento
não se esteja aqui limitando as coisas ao chamado “mundo interior” uma vez que
a Tradição realmente não separa as coisas, de tal modo que um plano sempre será
símbolo ou referência para o outro. E isto é muito importante de compreender,
porque os inimigos da nossa evolução atuam muitas vezes visando justamente nos
afastar da nossa verdadeira essência, na forma das mais diferentes formas de alienação portanto.
No presente trabalho pretendemos
trazer então algumas respostas para as seguintes questões: Porque existem ou são permitidos estes espíritos obsessores? Por que razão eles
nos atingem ou nos são enviados? Quais os tipos de obsessores mais comuns? Quais
seriam os seus alvos preferenciais? De
forma eles nos atingem e o que pode ser feito para nos libertar dessas
energias?
A Origem dos Obsessores
Comecemos questionando porém por qual razão existem ou são permitidos estes espíritos
obsessores? Todo ser humano é um sensitivo mais ou menos
desenvolvido, como um dos tantos atributos do seu dom especial de consciência.
Com isto ele é capaz de sintonizar com este ou com aquele plano, conforme a
qualidade da sua própria energia -e as mulheres ainda mais por sua própria
natureza.
As forças trevosas possuem uma
estrutura complexa e não raro organizada; sua origem vêm de muito e muito longe
na evolução humana e até mesmo pré-humana, sendo que elas sempre foram cruéis e
poderosas, até em função desta sua origem assim tão primitiva. No entanto a
forma como ela atinge a humanidade pode variar muito conforme os ciclos do
mundo e das próprias sociedades.
No Kali Yuga o grau de violência, destruição e massificação chega ao
seu auge, daí também a atmosfera psíquica se tornar particularmente carregada,
criando daí círculos viciosos importantes nas relações entre os mortos e os
vivos. O mito do dilúvio tem direta relação com tudo isto, em especial o
próprio domínio avassalador do hedonismo na cultura, como expressão direta de
uma sociedade obsedada e definitivamente sem rumos...
As forças espirituais em geral costumam sondar a
atmosfera sutil do planeta em busca de auras especiais -as forças do bem para
ajudá-las e as forças do mal para atrapalhá-las. Almas puras também podem dar lugar a assaltos no seu interior em momentos
de descuido, e eventualmente a pessoa pode até terminar por alimentar estes
obsessores de modo a instalá-los em definitivo na sua própria aura, na medida
em que incorpora vícios na forma de atos, palavras ou pensamentos.
A partir do momento em
que o ser humano despertou a sua auto-consciência, o verdadeiro foco da sua
cultura passou a ser o da própria consciência, a forma como preservá-la e
desenvolvê-la. Naturalmente se ele se conforma com as coisas como estão terá
uma vida pacata e limitada, mas se ele se rebelar contra a servidão espiritual
imposta pelos obsessores, aí ele poderá começar a viver uma batalha com outros
ganhos e perdas. Tudo dependerá portanto dos seus próprios valores e opções de
vida.
Não obstante, os
obsessores manifestam pouco interesse em pessoas fracas e com pouca energia. Quando uma pessoa está com sua
aura fraca, ou padece de enfermidade ou de debilidade, ou quando abre demais os
seus chakras -através de drogas, por exemplo-, ela pode sentir temores
incompreensíveis, ou que está sendo vampirizada e até mesmo medo de morrer. O
medo impera naturalmente no astral baixo do planeta. Ataques de pânico,
insegurança e paranoia podem resultar desta suscetibilidade inadequada às
energias inferiores. Desta forma a pessoa consegue acreditar em infernos, e compreende
que o mal gerado pela violência através das eons nunca fica incólume nos mundos
internos.
Uma paranoia pode ter até um motivo
real para se desencadear lá, mas se a pessoa não é capaz de racionalizar a
situação para tratar de superá-la, é porque aquele motivo serviu apenas para gatilho
para revelar uma fragilidade interna.
Os obsessores em si são
muitas vezes simples cascões astrais dos desencarnados, sendo esta uma das
razões para a cremação dos corpos, facilitando o afastamento destes zumbis da
atmosfera do planeta, tal como a sua manipulação perniciosa pelos operadores
das trevas. Consta que um espírito em estado larval tende a
buscar satisfação em ambientes baixos ou pesados. Ele também pode ser cooptado
e até chantageado por espíritos negativos mais poderosos com promessas de
sobrevida e satisfação.
Sua
relação com pessoas encarnados se deve em parte à própria necessidade que a
vida tem de preencher os espaços no Universo, incluindo os próprios espaços
espirituais ou conscienciais. Caso o
ser humano fosse mais evoluído estaria imune aos assaltos destes invasores, tal
como os mestres também estão. Então sua presença se deve basicamente ao próprio
carma da evolução.
Os obsessores atuariam daí como uma
espécie de seleção da espécie a nível espiritual ou da consciência, que é o
nível para o qual a evolução foi praticamente transladada naquelas espécies que
evoluíram também para outras dimensões da existência. O despertar da consciência, mesmo ainda em níveis
rudimentares, representou uma transformação profunda na condição das espécies.
A partir dali esta evolução se transladaria na prática -e em definitivo- para
níveis mais subjetivo de coisas. Com efeito sabe-se que a humanidade
representa uma espécie de terreno fértil para a troca e a difusão de energias
entre entidades de diferentes reinos, incluindo seres encarnados e
desencarnados.
Ao longo da evolução das espécies e,
em especial, da própria evolução humana, com todas as suas insondáveis
complexidades, várias linhas de energias foram se desenvolvendo, existindo
ainda muitas coisas primitivas que a média da humanidade já sequer sonha ser
possível. Mas nisto tudo também existem as forças luminosas, que da mesma forma
desenvolveram os seus próprios recursos e habilidades, inclusive para se
defender dos ataques das sombras.
Estas forças de luz tratam então de
equilibrar as coisas da melhor forma. Certo mestre decretou inclusive que a
evolução espiritual dos seres depende necessariamente neste mundo de dois
pilares: o Mestre e o Inimigo. Significaria daí que o ainda Bem não seria mesmo
possível sem o Mal, ao nível da própria humanidade; e como diz o Apocalipse,
“porque sois mornos, nem quentes ou frio, vos vomitarei de minha boca”.
E isto de modo nenhum significa que a
luz e as trevas tenham qualquer tipo de pacto -muito antes pelo contrário!
Apenas que, diante do contexto das energias cármicas ou trevosas do planeta, a
luz normalmente ergue uma barreira de proteção para aqueles que se perfilam ao
seu lado. Aqueles que conhecem a fundo a natureza da espiritualidade, sabem
tudo o que um único iluminado verdadeiro é capaz de fazer por todo o planeta.
Se considerarmos que a nova raça se destina a disseminar a iluminação, então
saberemos que o mundo ruma realmente para tempos melhores -talvez até mesmo para
aquela condição de Planeta sagrado de que fala certo esoterismo...
Para compreender melhor toda esta situação, tenhamos
em mente o contraste ilustrativo entre as Idades de Ouro e a de Ferro –até
porque estamos mesmo agora numa Idade Negra. As relações da Humanidade com as
Hierarquias são muito diferentes nestas condições extremas da humanidade.
Diz-se que na Idade de Ouro “os deuses andam sobre a terra”, ao passo que na
Idade Negra os mestres estão distantes –ainda que o seja apenas na aparência.
Neste ciclo de trevas e de egoísmo as orientações da espiritualidade não
costumam ser bem recebidas, então não resta muita mais do que semear aqui e ali
algumas luzes e aguardar que cada qual avance por sua própria conta e risco,
para desde fora cuidar do caminhante da forma com for possível na sua arriscada
jornada.
Contudo, a melhor forma de ilustrar toda esta questão
pode ser comparando a situação do noviço com a do iniciado perfeito. A proteção
que recebe o iniciante é a maior possível, podendo ser comparada à da criança
sob a o cuidado do seu anjo da guarda. Estas são as bodas do espírito, o
noivado da luz, quando tudo são apenas flores. O aspirante recebe ali um
cuidado extremo semelhante ao que merece um frágil rebento de planta no solo.
Ele precisa então ser protegido e encaminhado, para não ser desencaminhado e
para que as suas aspirações encontrem solo fértil.
E no outro extremo das coisas, quando o iniciado já é
experiente e trilhou um caminho sólido e está preparado para enfrentar altas provações,
as atenções que lhe presta a Hierarquia são já bem diferentes. Funciona agora
mais como um comando de guerra, onde o coronel experiente ordena esta ou aquela
ação e cabe ao próprio soldado dar o melhor de si. As baixas não serão raras e
os feridos muitos, mas nesta altura é isto mesmo o que se espera das coisas.
Na verdade isto é muito parecido com o sentimento de
desespero de Jesus ao queixar-se na cruz de que “o Pai o havia abandonado”.
Certamente o nazareno recebeu então toda a assistência que necessitava para
cumprir a provação a que estava conscientemente se submetendo, ainda que sob o
peso da dor ele tenha sentido o abandono, até porque é parte mesmo daquela
iniciação o contato com a dor mais extrema que o ser humano possa suportar,
para desta forma conseguir superar a sua velha condição humana –mesmo que
muitas vezes a própria morte colha a pessoa em provação durante este ordálio.
Assim, a proteção que a
humanidade recebe depende muito da energia espiritual que ela mesma desenvolve
ou que admite no seu próprio convívio. Uma Idade de Ouro representaria uma
época bastante resguardada de toda a forma de mazela espiritual. Sabemos porém
estarmos na atualidade num período praticamente oposto, onde o dharma ou a
espiritualidade encontra-se na cota mínima possível. Então, tampouco seria
casual os vínculos entre a feitiçaria com o Kali
Yuga, a Idade das Trevas.
Contudo, este é também
o carma das pessoas encarnadas neste período, de modo que a melhor coisa a
fazer será, após inteirar-se das suas condições, buscar os recursos possíveis e
necessários para contornar as limitações impostas por estas energias invasoras.
Na
verdade, aqui também existe outra questão espiritual interessante, na linha
daquilo que já vimos mais acima. Acontece que o aumento das provas está
diretamente relacionado ao crescimento dos potenciais espirituais daquela
situação, uma vez que cada desafio demanda naturalmente uma resposta à sua
altura. No simbolismo geral, a celebrada Idade de Ouro está relacionado na
verdade meramente ao noviciado espiritual, e não a estágios a avançados das
raças ou das suas iniciações.
Pouca gente sabe que certas iniciações avançadas
também implicam num contato frontal com as forças trevosas, para este ou aquele
fim. O resultado esperado é também uma mudança profunda de consciência e de
energia no ser humano –considerando que nesta altura o iniciado também terá
realizado já uma preparação satisfatória para superar certos desafios. Coisa
não muita diferente é aquilo que acontece pois com a humanidade no Kali Yuga planetário, posto que a
humanidade em conjunto terá atravessado já várias iniciações, potencializando
assim o enfrentamento de novos e importantes desafios daqui para frente –e onde
o contato com estes adversários espirituais pode ser apenas a antessala de
novas realizações. E para isto os tempos também trazem ensinamentos mais
adequados para cada época, como veremos ao final deste trabalho.
Alvos principais dos Obsessores
A consciência de que no Kali Yuga o
astral é mais pesado, deveria servir para colocar sociedades inteiras em estado
de alerta. Dentro disto, podemos alencar então as quatro categorias de pessoas
que seriam mais visadas ou vulneráveis:
1. Pessoas importantes
2. Pessoas sensíveis
3. Mulheres
4. Crianças
Pessoas importantes e sensíveis
seriam muito visadas, ao passo que mulheres e crianças seriam por si só muito
suscetíveis. Através das pessoas importantes as forças espirituais de bem ou
mal podem atingir mais pessoas; por isto as pessoas famosas podem enlouquecer
ou se iluminar, a depender do tipo de abertura que elas mesmas dão para as forças
espirituais. E pessoas sensíveis são visadas pelas trevas para atrapalhar que
possam se tornar veículos para a luz espiritual no mundo.
Já mulheres tem toda uma grande
abertura para mundo interior, o que as torna suscetíveis também às influências negativas,
foco eventual de sedução espiritual caso a pessoa se apegue a supostos benefícios
que estas energias possam lhes proporcionar. E crianças por sua vez, como “telas
em branco” que são, podem se tornar veículos de energias trevosas caso recebam
uma educação corrompida e descuidada, sendo esta uma das possíveis explicações
da psicopatia.
Tipos de Obsessores
E de que forma atuaria então um obsessor, quais os
seus propósitos e quais seriam as suas modalidades mais comuns? Inicialmente
não é possível simplificar ou generalizar um assunto desta natureza. Ainda
assim existem aspectos mais gerais relacionados à própria natureza humana e
mesmo das espécies em geral. O obsessor comum atinge a essência da natureza
elementar da pessoa, neutralizando assim a sua capacidade criativa. Em outras
palavras ele neutraliza o potencial da pessoa a partir do seu próprio gênero.
Ou seja: quem é ativo por natureza -no caso o homem- fica passivo, e quem é
passivo por natureza -no caso a mulher- fica ativa. E com isto as naturezas
humanas ficam falseadas e esterilizadas espiritualmente, porque estarão
meramente simulando falsas naturezas.
O
obsessor induz a pessoa a criar bolhas de auto-satisfação, que pode incluir
naturalmente todo tipo de droga -afinal toda droga induz a criar bolhas de um
ou de outra natureza e exige muito discernimento, orientação e desprendimento
para se usar-, mas também adquire aspectos mais sutis de vaidade e de culto do
próprio ego, fundado neste ou naquele motivo mais ou menos superficial. Nisto
tudo podemos ver a ação de obsessores, induzindo a pessoa ao isolamento do
mundo é à fragmentação do ser.
Na verdade todo um conjunto de coisas podem
terminar por influenciar estes comportamentos, como cultura e modismos, porém
certamente a presença dos obsessores será da mesma forma determinante nisto. Naturalmente as drogas são um convite aberto para a própria obsessão,
tendo da mesma forma reflexo direto nas tendências de gênero como veremos.
No caso da passividade masculina, tal coisa ficou muito
patente no paradigmático episódio do “pacifismo” de Arjuna, e que o avatar
Krishna argutamente interpretou como sendo isto sim passividade, um comportamento que não caberia num homem digno e
nobre. Um iniciado nunca pode pensar que o fato de ter
um mestre irá lhe evitar de entrar numa batalha -na verdade as coisas funcionam
muito antes pelo contrário! O mestre é apenas um apoio para o iniciado
conseguir vencer as suas próprias batalhas. Um mestre apenas apoia um discípulo
que está disposto a da mesma forma encará-las, tal como ele mesmo o realizou um
dia.
Já nas mulheres seria o mesmo que querer enfrentar
situações muito ativas para as quais nem a sua fisiologia e nem a sua
bioquímica estão preparadas, demandando para isto reforços nos vícios e em...
obsessores da mesma forma. No seu subjetivismo, tal como na falta de informação
e de educação que existe no meio espiritual, facilmente a mulher pode se
confundir e ser vítima das forças negativas. E neste caso, a própria fragilidade feminina pode resultar numa
armadilha.
Carente comumente de maiores energias para
enfrentar as coisas -especialmente quando o mundo demanda atitudes mais
ativas-, as mulheres podem interpretar a presença de certas energias ativas nas
suas vidas como algo até positivo, sem mal dar-se conta do preço que poderão
estar pagando por isto. Uma apreciação viciosa destas tendências obsessoras ativas
recebe o nome de morbidez. Basta ver então a forma como as
mulheres modernas apreciam os estimulantes químicos. Nos casos mais extremos a
situação pode dar origem ao fenômeno espiritual das bruxas, quando a mulher
busca se especializar no manejo das energias sutis, incluindo com pérfidas
inclinações.
A obsessão é muito parecida com um vício, porém
mais complicada porque, além de considerar que aquilo lhe traz certos
benefícios (claro que nenhum deles propriamente espirituais) a pessoa pode se
identificar com esta energia e não querer considera-la como algo exterior a si.
O maior problema da obsessão é quando a pessoa não quer se livrar dele, e daí
ela como que encarna o próprio obsessor...
Quando a fábula nos conta sobre uma
princesa adormecida, de que sono afinal se está falando? É claro que a princesa
está adormecida para a sua própria natureza, talvez de uma forma profunda,
tanto em relação ao seu próprio gênero como também da sua verdadeira nobreza
espiritual, nobreza esta ocultada justamente pelo seu afastamento da sua
legítima natureza, impedindo-a de manifestar o seu profundo encanto espiritual
feminino...
Da mesma forma que inversamente os homens também
são muitas vezes levados a um emprego de drogas tranquilizantes, num mundo que não
raro cerceia a manifestação das suas energias viris. Uma apreciação viciosa destas
tendências obsessoras passivas recebe o nome de cinismo. Cabe
pois evitar aqui comportamentos
tradicionalmente considerados aviltantes da natureza específica dos gêneros.
Quando um indivíduo
avilta a sua natureza com drogas ele está basicamente se auto-boicotando –uma
auto-castração que atinge os aspectos mais sensíveis do ser humano, que são os
seus aspectos humanos e espirituais mais profundos e verdadeiros; além de
incluir por indução também a castração do outro. Porém a obsessão espiritual é
um problema um pouco mais complexo. Os obsessores atuam como se fossem drogas
espirituais, aviltando a natureza da própria pessoa. Os obsessores masculinos
são geralmente uma espécie de espíritos flutuantes ligados à consciência
vegetativa descrito como “burgueses”, produzindo acomodação, covardia,
luxúria e indiferença -tal como descritos na literatura de Carlos
Castaneda. E os obsessores femininos são comumente espíritos ligados à consciência
anímica descritos como “tiranos”, produzindo insensibilidade,
inquietação, insegurança e espírito crítico. O resultado porém
é sempre o mesmo, do velho pecado da separatividade, presente até no próprio
nome do diabo...
Castaneda expõe muito bem a situação da humanidade sob o jugo dos
obsessores. Coloca que estas entidades como que colonizando espiritualmente a
humanidade, exatamente como quem cria gado ou galinhas, onde as pessoas são
usadas como hospedeiras de obsessores que dominam as suas consciências. Contudo
falta dizer quem coordena tudo isto, assim como quem trata de outro lado da
proteção humana, para além do limitado alcance dos grupos de guerreiros
toltecas. Embora se diga que os praticantes atuais trazem uma memória muito
negativa das relações da magia com o poder, certamente houve um tempo que a paz
e a espiritualidade era dominante, como na Idade de Ouro de Tula e Teotihuakan.
Mesmo no Ocidente houve épocas que se praticou muito a expulsão dos maus
espíritos, porém em nossos tempos liberais e hedonistas eles são até recebidos
com tapete vermelho pelas instituições decadentes...
A psicanálise fala em anima e animus, porém quem pode dizer que essas
energias não são negativas ou que não possuem aspectos nocivos? Acontece que
estes conceitos podem dar margem para muito erro e confusão. A
verdadeira parte feminina de um homem pode ser simplesmente a sua esposa, e de
um mestre a própria humanidade -até porque o relacionamento é um valor maior do que
o individualismo.
Quando a pessoa tem este anima ou animus negativo do encosto muito pronunciado, ela termina manifestando
uma energia extremamente perniciosa contra os relacionamentos mais verdadeiros
(como nas chamadas almas-gêmeas), porque será como oferecer a sombra do seu
parceiro contra ele mesmo, exaltando assim o pior lado deste parceiro e criando
uma atmosfera sempre muito propícia ao conflito. Aquele que recebe tal energia por
sua vez, é como se estivesse consigo mesmo na sua pior versão, sendo puxado
para baixo a todo momento, já que logo identifica esta energia como sendo idêntica
à sua própria quando rebaixada, tendo então grandes dificuldades de lidar com a situação, posto já
ter a sua própria energia para trabalhar, de modo a soma desta outra energia negativa
termina por desequilibrar as coisas. Por isto se torna até mais fácil para as pessoas
nestas condições terem relações mais comuns com pessoas diferentes, ficando
praticamente impedidas de viver um verdadeiro amor...
O cultivo de atitudes condizentes com a própria natureza –naturalmente
sem excessos ou desequilíbrio, o que já representa uma simples questão moral e
espiritual- pode se revelar daí como uma das melhores formas de saneamento das
energias obsessoras, juntamente com vida regrada e a prática de austeridades,
assim como oração ou meditação e o próprio desapego.
Todos podemos ter um pouco da energia oposta, mas
apenas para nos equilibrar, e nunca para negar a própria natureza e aquilo que
nos foi superiormente destinado a ser. Por regra os
relacionamentos conjugais permitem um equilíbrio natural; o homem traz a
positividade e a energia de que a mulher carece, e a mulher traz o subjetivismo
e a tranquilidade que o homem por sua vez necessita. De modo que a fragilidade do
casamento na idade trevosa apenas pode reforçar os problemas espirituais.
Felizmente na atualidade já está havendo um refluxo
nestas tendências errantes, através da busca por um novo equilíbrio, colocando
barreiras em certos radicalismos sobre a “desconstrução dos gêneros”, quando na
verdade se trata esta de uma construção extremamente positiva e necessária, sobretudo
em termos espirituais; fora é claro outros extremos igualmente estéreis a serem
da mesma forma evitados. E com isto começamos então a entrar nas respostas
possíveis para os desafios da obsessão.
Para alguém se safar dos miasmas do carma é preciso valor e virtude,
assim como pureza e constância. O efeito da
obsessão pode causar grandes estragos na vida da pessoa. É preciso muito
discernimento e esforço para se livrar desse problema. Porém respostas fáceis
também seriam apenas uma outra forma de ilusão. O obsessor pode ser considerado
como um dos aspectos dos desafios da iniciação.
Quanto aos esforços de manipulação dos espíritos
pesados, incluindo a sua retirada do nosso campo astral, temos que os terreiros
de umbanda e afins seriam mais efetivos do que as casas espíritas kardecistas.
Estas podem ser mais úteis para questões gerais e amenidades, lembrando que o
seu foco é nos próprios espíritos e não na magia ou feitiçaria, diferente pois
dos terreiros que, por esta razão, também possuem uma atmosfera bem mais
carregada. Não obstante, há que se ter em conta que o principal sempre será
aquilo que cada um faz por si mesmo; somente assim é que poderemos chegar a
receber as verdadeiras lições que a vida reserva para nós.
O problema da ilusão é central na
espiritualidade, e Alice A. Bailey até elaborou um importante trabalho
intitulado “Miragem – um Problema Mundial” -dando a devida importância ao
assunto e testemunhando toda a sua atualidade-, então analisada sob três aspectos
enquanto maya, ilusão e miragem, relacionados respetivamente aos planos físico,
emocional e mental. Contudo, apesar de também
discorrer em muitos momentos com grande perspicácia sobre a Loja Negra, a
autora raramente trata dos aspectos operativos dos trevosos nos termos da
feitiçaria, a qual representa não raro um dos fatores de agravamento da
problemática espiritual –questão que Blavatsky porém já trataria com maior
especificidade. Não obstante, Bailey sugeriu muitas formas para
enfrentar todos estes problemas. Na “Grande Invocação” que ofereceu ao mundo, a
sua última estrofe reza:
“Do centro a que
chamamos a Raça dos Homens,
Que se realize o
Plano de Amor e de Luz
E cerre a porta
onde se encontra o mal!”
Esta oração se destina a orientar os discípulos nos trabalhos da
transição planetária, porém também serve aos esforços do próprio indivíduo. Nos termos dados da tripla ilusão
(relacionada à Tríade inferior de Chakras), poderíamos denominar pois a estas
portas como: a porta da preguiça, a porta do desejo e a porta do pensamento
errático. E para se libertar de encostos e
obsessões que estas condições inclinam, a melhor solução é com efeito fechar
todas as portas “que se abrem para fora”, impedindo assim o acesso do Mal em
suas diferentes formas, de modo a se utilizar estes centros para aquelas
questões realmente internas ou espirituais, através justamente do emprego
sistemático do amor e da luz.
Respostas
e Soluções
Um dos primeiros passos na
libertação do espírito é a própria consciência de que podemos estar com
espíritos invasores. A obsessão é um problema espiritual –ou deveríamos talvez dizer “espírita”-
que atinge todo tipo de pessoa independente de quem for. E é sempre bom lembrar que, mesmo quando as pessoas não estão
na espiritualidade, a espiritualidade pode mesmo assim estar nelas, e o fato de
não se estar muito consciente disso pode não ser a melhor das condições para enfrentar
o problema.
A obsessão espiritual é um fenômeno
comum e geralmente insuspeito. Como outras formas de doença está arraigada em
nossos próprios apegos e desejos, aliás pode acontecer da pessoa desenvolver
apego pelas próprias forças obsessoras enquanto reforço da negatividade do ego.
A cura natural passa pelo cultivo da
virtude e do desprendimento, que no caso traz a contraparte do consórcio com
forças de luz. Enfim sempre a velha máxima de “colhemos aquilo que semeamos”.
Então,
a primeira coisa a dizer é que a pessoa deve ter o desejo de sair de maya, a
ilusão, porque é exatamente isto que o obsessor significa, pois cada tem a
ferramenta do seu próprio livre-arbítrio. A desobsessão espiritual pode ser
alcançada então pela prática da virtude positiva em prol do auto refinamento
Chico Xavier escreveu: “De qualquer progresso
ou desenvolvimento de aquisições no mundo, nada se obtém sem paciência, amor,
educação e serviço; como quereis que a obsessão -que é frequentemente
desequilíbrio cronificado da alma- venha a desaparecer sem paciência, amor,
educação e serviço, de um dia para o outro? (“Paz e Renovação”, Capítulo 48,
Obsessão e Cura, of 135)
Por isto também foi dito por Divaldo Franco:
“Muitos procuram a Casa Espírita para resolver seus problemas espirituais.
Querem livrar-se de obsessores, de preferência rapidamente. Mas o que devemos
deixar bem claro para os que nos procuram é que a cura depende dela mesma. A
Casa Espírita é um hospital da alma, mas se o paciente não tomar o medicamento
corretamente, este não fará efeito. E o medicamento está no Evangelho de Jesus,
que nos pede a reforma íntima, ou seja, a reforma em nossos sentimentos,
pensamentos e atos. Retirando dela o ódio, o rancor, a mágoa, o ressentimento,
a vingança.”Fonte
Aquele que pratica austeridades
também está mais próximo de conhecer a dinâmica dos obsessores, por que
consegue com mais facilidade afastá-los de si próprio. E nós sempre gostamos de
lembrar que Jesus não era desapegado por que era espiritualizado, e sim era
espiritualizado por ser desapegado...
É neste quadro pois que entra a célebre questão do herói que precisa
despertar a donzela de um feitiço, resgatá-la de um sequestro ou trazê-la de
volta dos infernos –nota-se que o problema espiritual é visivelmente dominante
na mulher, até porque o próprio raptor é muitas vezes também um bruxo poderosos
como no caso de Ravana no Ramayana.
Isto não significa que o homem não esteja sujeito ao mesmo grau de
obsessão, a única diferença é o próprio papel ativo masculino, que o coloca em
obra para encontrar soluções. O princípio é o mesmo que vale para o da salvação
espiritual em geral, quando seres de grande elevação podem interceder
espiritualmente por seus discípulos no mundo. Contudo, reciprocamente, a
mulher também tem intervindo para ajudar o homem na sua evolução, e mesmo para
salvá-lo nas suas provações, como sugerem muitos celebrados mitos tradicionais.
Na prática apenas o amor e a
própria colaboração de ambos é que poderá trazer as grandes respostas necessárias.
De modo a ficar claro nisto tudo, que
respeitar o princípio do próprio gênero também pode representar um preceito
espiritual. O amor verdadeiro é visto muitas vezes como um troféu, mesmo nos
planos espirituais, para desenvolver o valor e a virtude das pessoas.
A resposta para cada caso vem a ser
portanto a indagação de “quem sou eu”, quer dizer, partindo da ideia universal
da identidade de gênero avançar para a essência pessoal de cada um. Tradicionalmente
a questão dos gêneros está simbolizado em termos de cálice e espada, ainda que
cada gênero também traga o seu oposto dentro de si para esta ou aquela
finalidade. E neste caso tanto o interior como o exterior de cada gênero deve
ser trabalhado corretamente.
Em tempos confusos como os nossos, onde “tudo o que é sólido se desmancha
no ar”, refazendo a própria imagem do Caos original, a busca pela própria
identidade pode representar pois muitas vezes um primeiro passo. É claro que a
resposta final será um tanto comum ou universal –a Alma não tem gênero, se
poderia até dizer. A verdadeira questão, porém, é sobre os caminhos que poderão nos levar até ela. É aqui onde cada
um deve saber como pode chegar a se desenvolver melhor.
Se a pessoa tem afinidade com o
orientalismo, é importante refletir então sob todos os aspectos de Kali, a
deusa do Kali Yuga, como sua versão
enquanto Durga a destruidora ou mesmo seu marido Shiva, o Senhor da Ioga. O
aspecto feminino pode representar aqui as consequências da atitude passiva da
pessoa, lembrando que mesmo a destruição pode em última análise contribuir para
a evolução -como ocorre no caso da morte que outorga uma nova oportunidade de
reencarnação para o espírito em evolução. Tal como o aspecto masculino pode
simbolizar aquilo que deve ser feito para controlar essas energias, no caso
basicamente o próprio ascetismo e todas as técnicas afins.
Vasto é o universo da ioga, e o
sistema clássico de oito passos de Patanjali oferece um método didático e
progressivo para a pessoa organizar e ultrapassar todos os níveis da sua
evolução até alcançar a iluminação, isto é, a libertação completa da
consciência. Algumas escolas questionam porém os estágios mais avançados
afirmando que as técnicas da verdadeira meditação está mais ou menos perdida;
ainda assim o buscador persistente poderá terminar por encontrar as respostas,
bastando para isto ter em mente que à luz (ou o “fogo”) representa o grande
elemento de purificação das coisas. É muito importante compreender então que o
fogo comumente observado nas imagens tântricas, não são apenas um resultante da
iluminação -são também o próprio caminho para ela!
Geralmente o fogo está aparente nas
chamadas deidades iradas, que na realidade são apenas deidades ativas ou
simbólicas das fases mais criativas e avançadas das práticas espirituais. Esse
fato inclui também a imagem do próprio Shiva dançarino com seu círculo de fogo.
Lembremos aqui que os Tantras são
apresentados como a grande literatura do Kali
Yuga, por oferecer os recursos mais adequados. Os métodos de meditação na
luz de que tratamos –consideradas avançadas em nossos dias- remontam aos
princípios da raça árya, próximo ao momento do avatar Krishna que, segundo a
versão mais aceita, veio abrir este último período do Kali Yuga. Há registros
destas técnicas nas tumbas egípcias de faraós ligados ao culto solar, como
temos divulgado já.
Algumas técnicas tântricas são bastante
esotéricas, tanto quanto ascéticas e internas, como a ioga do calor interior e
o corpo de arco-íris. Outros são mais formais como é a ritualística. Há também
as mandalas como roteiros místicos e a magia sexual que comporta ademais um
simbolismo importante para a meditação.